Querida Morte

Jurei nunca escrever cartas para você, doce Morte, mas a dor é tanta que não encontrei outro jeito de me esvaziar.

E aqui estou, recorrendo a ti, que não sei por onde andas. Por isso não colocarei destinatário. Apenas escrevo, sem esperar resposta.

Da última vez não a obtive, esperança é uma palavra que desconheço.

E você me abandona assim, some pelos inúmeros cantos desse mundo, levando milhares de pessoas sem avisar o preço da passagem.

Por que não me leva se eu já sei o preço?

Enquanto isso, pago com o meu abandono. Dizem que você é fria, agora entendo o porquê. A cada arrepio penso ser você ao meu lado. E permaneço muda, olhos fixos para o além e passa...sem dizer o que queres.

Não te peço a salvação, peço apenas o alívio dessa vida, que até hoje não consegui entender.

Qual meu objetivo? O que eu devo fazer para me sentir útil? Diga, grite aos meus ouvidos! Sou surda para o óbvio.

E o silêncio inimigo ao qual já me acostumei...

Escuridão, é isso que vejo.

Se puder, mande-me uma luz...

Quimera
Enviado por Quimera em 04/03/2012
Código do texto: T3534660
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