Querida Morte
Jurei nunca escrever cartas para você, doce Morte, mas a dor é tanta que não encontrei outro jeito de me esvaziar.
E aqui estou, recorrendo a ti, que não sei por onde andas. Por isso não colocarei destinatário. Apenas escrevo, sem esperar resposta.
Da última vez não a obtive, esperança é uma palavra que desconheço.
E você me abandona assim, some pelos inúmeros cantos desse mundo, levando milhares de pessoas sem avisar o preço da passagem.
Por que não me leva se eu já sei o preço?
Enquanto isso, pago com o meu abandono. Dizem que você é fria, agora entendo o porquê. A cada arrepio penso ser você ao meu lado. E permaneço muda, olhos fixos para o além e passa...sem dizer o que queres.
Não te peço a salvação, peço apenas o alívio dessa vida, que até hoje não consegui entender.
Qual meu objetivo? O que eu devo fazer para me sentir útil? Diga, grite aos meus ouvidos! Sou surda para o óbvio.
E o silêncio inimigo ao qual já me acostumei...
Escuridão, é isso que vejo.
Se puder, mande-me uma luz...