Olhos nos olhos (nº2)
O quê vês nos meus olhos, hein?
Loucura, alento, novidade, luz, meiguice (bléh!), pupila, íris e glóbulo ocular? O quê tem de tão interessante (ou de tão repulsivo) e amedrontador – ou será calmante? – que segues olhando, vidrado, sem ao menos me notificar? E ainda foges quando esses mesmos olhos retribuem sua doente perseguição. Me digas ao menos uma história engraçada, seu tolo! Eu não mordo – ainda – e estou sob controle de calmantes naturais do agitado coração. Consegues sentir a pulsação? Pois não acredites que é por ti, rapaz. Não é, não é e não é! É apenas por uma pequena parte tua…quiçá uma mera retina ou brilho do olhar. Que de tanto luzir, por vezes me opacam!
Por ora, quero que sejas explícito, o mais transparente possível, para que eles vejam através de ti (e talvez por ti, que não entende nada) e reflitam todo o esplendor nem consumado e já esgotado. O quê é réstia ainda perdura – de forma mesquinha, mas ainda com esperança (o que não pode ser tão mesquinho assim). Basta chamar que eu vou correndo, só não prometo não tropeçar no caminho – sabes como troco os pés pelas mãos feito estabanada. Se vês o mesmo que eu vejo, sabes que tudo ao nosso redor vai além do que se vê. Para nós ainda haveria visão. Ainda haveria tempo. Será que não consegues aproximar teu coração do meu ou as máquinas o desativaram há tempos? Me informe e desativarei o meu também.