Carta de Nós Dois

Minha Vida,

Hoje, resolvi escrever uma carta.

Uma carta da história de nós dois.

Um postulado que exprime as noções ilógicas do amor.

Decidi escrever em qualquer lugar uma narração metódica das nossas vidas, dos nossos encontros e desencontros. Das conquistas do dia-a-dia e dos passageiros desamores.

Resolvi transformar em palavras os sentimentos que sentimos, dos amores que amamos, das paixões que nos apaixonamos...

Resolvi falar de nós dois. Daquele dia aparentemente normal que nos reencontramos e o seu primeiro sentimento foi de ódio, e o meu, de desdém... Do meu olhar desafiador e dos seus punhos fechados... Do seu sorriso irônico e da minha cara de poucos amigos...

Afinal, quem vê lógica no amor? Surgindo assim de antagonismos sem precedentes, contrariando qualquer lei matemática, e baseado apenas em filosofias construtivista...

Aprendi que em nossa história, o começo é o fim, e o fim o começo...

É algo que se renova, como o renascer do sol todas as manhãs.

Percebi que o amor verdadeiro é abalizado pela amizade, pelo sentimento sincero e puro, que dá e nada pede. Que esclarece as falhas, e promove o caminhar.

Resolvi escrever das vezes que nós dois nos sentamos no chão e cada qual contava seus pensamentos, das vezes que nos sujamos com molho de macarrão, quando pegamos aquele ônibus lotado para ir ao parque, daquela vez que fiz ovo tostado pra você e você disse que estava ótimo, mesmo estando intragável... De todas coisas que fizemos e que entraram para nossa história.

Relatos das vezes que choramos pelas brigas e gargalhamos com as bobagens.

Das viagens, dos banhos de mar, das músicas que nos fazem reviver momentos. Dos banhos de chuva, das censuras, das juras de amor...Do primeiro beijo.

Ah! Que beijo... Apaixonado, esperado, desejado... Quente, saliente, envolvente... Charmoso, gostoso, voluptuoso...

A história de nós dois nos fez jogar os decrépitos conceitos, e lançar-nos em novos caminhos.

Ter a liberdade como prioridade.Com pés descalços no chão...A mente aberta para o espaço... Coração pulsante para o amor...

Resolvi exclamar das mais diversas formas, os sentimentos recíprocos, as verdades interiorizadas, os desentendimentos banais.

A história do nosso amor, não é apenas passada, é atual... Porque como num “Déjavu” o passado e presente se cruzam, e as lembranças não são apenas recordações e se tornam fatos, vividos e renascidos, cada vez de maneiras diferentes, porque em nossa história a monotonia nunca foi perspicaz como a saudade que por muitas vezes nos invadiu e que nos levou a navegar por horizontes da nostalgia da distância física.

Aprendemos a gostar dos dias em que a chuva cai, enaltecendo o aconchego dos braços em recíprocos carinhos, em abraços acalentados pela paixão e respeito. Como também temos tirocínio de respeitar a individualidade de cada um de nós. Por sermos seres únicos, mas, unidos por uma só razão. Crescer, evoluir... Amar.

Como um teatro da vida real, em que nós somos os principais personagens fazendo a peça evoluir, até chegar em seu ápice notório aos espectadores, em que somos a emoção, e a vida, em que somos o retrato fiel de um casal de enamorados, vivenciando os altos e baixos de um relacionamento que ensina e aprende ao mesmo tempo.

A história de nós dois nos leva a doçura dos pensamentos, se torna leve como uma pluma, em busca do maior segredo que existe por trás dos mistérios ocultos em todo o Universo: o Amor.

Tudo faz parte.

Faz parte da história de nós dois.

Priscilia Nascimento
Enviado por Priscilia Nascimento em 18/07/2005
Código do texto: T35293