Aprendiz
Confissões de um Adolescênte (Nem tão adolescênte assim).
Dia desses , pela manhã, após uma bela e bem dormida noite de sono deparei-me com uma figura no mínimo pitoresca. Olhos que me eram familiar, trazía apenas sinais de desgaste, umas poucas rugas, cabelos esbranquiçados pelo tempo. A expressão era um tanto diferente da qual me recordava, mas ainda trazia nos olhos um brilho, uma luz que irradiava por todo o cômodo. Pûs-me a observar seus modos, suas formas. As mãos apresentavam marcas, muitas. Provavelmente pelas diversas batalhas que enfrentara ao longo da vida. Mãos rudes e ásperas, mas que ainda acalentavam e acariciavam, toques sutís e suaves. O corpo, já um tanto que alquebrado e desgastado ainda trazía a leveza de movimentos esguios ; se não com a mesma agilidade dos anos anteriores mas com a firmeza de passos que tão bem sabia para onde caminhar. Não mais que o adolescênte que, furtivamente roubava beijos, arrancando suspiros de doces e meigas meninas do colégio mas um homem maduro, que hoje não mais rouba mas os ganha, da esposa, filhos e netos. Não mais o ritualismo das noites de sábado, das festas e bailes mas a serenidade de manhãs tranquilas e calmas . Assim completei 50 anos, e olhando no espelho não mais me perguntei oque sería de mim ou oque faría amanhã mas apenas compreendí, e aceitei a sucessão de fatos e coisas que ocorreram nesses anos todos. Compreendí a necessidade intrínseca de cada ato,cada movimento. Cada sorríso foi lembrado, cada momento revivido , não com a nostalgia dos anos passados mas com a responsabilidade de interagir com o mundo atual, tirando dele os gozos e as alegrias de cada manhã, de cada sorriso; e cada ensinamen to também, sendo condutor e conduzido . Penso que envelhecer, no sentido abstrato seja isso; viver a responsabilidade da existencia certa sem as cobranças ou disabores das incertezas; é não cobrar do tempo respostas prontas e nem cobrar de nós mesmo acertos constântes. É o eterno tentar, o buscar mudânças e melhorias, simplesmente viver.