Ame, antes que Anoiteça...

Fui covarde. Deixei-o lá, porque o amor que você me deu, ainda é grande demais. Não cabe no peito, nas lágrimas ou em qualquer definição que eu tente procurar.

Vagando pelas ruas da cidade, lembro como que agora, o olhar fixo que trocamos, os sorrisos tímidos que esboçamos quando a luz da cidade era somente o brilho dos nossos olhares apaixonantes e apaixonados.

Lembro que passamos horas e horas de conversas intermináveis no longo caminho para a velha estação de trem.

Nem o som do uivo do vento nós ouvíamos. Nosso único TIC – TAC era a batida pausada do meu coração. Por vezes, nem nos ouvíamos. Só as lágrimas certeiras de sentimento davam o real peso das nossas conversas de amor.

E tantas vezes, desnudos das nossas próprias máscaras, deixávamo-nos levar pelo medo, pela força de resistir à carne e à plenitude do amor do outro.

Às vezes, parado na correria por seus pensamentos, tudo que eu queria de você era ao menos um retalho de reciprocidade. Queria só o seu medo, para esconder dentro do meu coração. Só abraçá-lo, mesmo sem coragem, para sufocar suas velhas inseguranças. Queria ter podido amá-lo naquela noite de terça – feira, quando você sumiu dos meus olhos, mas se guardou dentro do meu coração, quando você esperou que eu adormecesse em seus braços, quando você esperou que anoitecesse pra findar o meu amor, o nosso amor... Queria tê-lo amado antes que anoitecesse.

Paulo Ricardo Pacheco
Enviado por Paulo Ricardo Pacheco em 20/02/2012
Código do texto: T3510266
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