Presos às palavras!
Trancadas as portas, fechadas as janelas, isolados do mundo nos mantenho presos às minhas, às suas, às nossas palavras...
Presos numa noite estrelada, amordaçados por nossos medos, chicoteados pela angústia, nos amamos, naquele céu azul, estrelado de primavera.
A primeira, a segunda, a última... Nos amamos, porque falar de amor não é banal. Só passa a ser ele tão banal, quando deixamos de vivê-lo, na carícia, no olhar, no abraço, no afago, no amor, somente amor.
E amamos, sem privações, a loucura do amor, silenciados por nossas próprias palavras... de medo, de desespero, da loucura, da insensatez de amar acorrentados ao medo do universo.
E naquela noite de sexta – feira, nossos gritos de socorro, nossas risadas de felicidade, nossos sussurros de amor, foram ali calados pela tormenta da repressão, pelas correntes enferrujadas de preconceito, pelas lágrimas de medo.
E nosso amor terminava naqueles lençóis sujos da forte paixão, do inocente amor, acorrentados, sufocados, presos, ao delírio de uma dolorosa solidão... Interminável solidão!