ESPERO NÃO TER SIDO UM CONTRATEMPO EM SUA VIDA

Topo do Himalaia - fevereiro de 2.012

Querida

Eu espero, firmemente, não ter sido um contratempo em sua vida. Um mero contratempo. Quando muito um melro contra o tempo. Melhor isto que aquilo.

Desejo não ter sido isto, de modo nenhum: um contratempo. Fomos muito mais do que apenas isto um para o outro. Não, não um contratempo.

Fomos um para o outro alguma coisa a mais, muito mais, muito superior. Fomos condutores um para o outro. Fomos mestre e aluna, mestra e aluno, parceiros, companheiros, de jornada, de caminhada, de conhecimento, de aprendizagem, de introdução a novos mundos, a outros universos.

Somos e fomos loucos, sim, também somos e fomos loucos. Loucos um para o outro. Loucos um pelo outro. Loucos aos olhos dos outros.

Somos e fomos bálsamos, da mesma forma. Bálsamos um para o outro, a minimizar, a quase curar, feridas, muitas feridas, seculares feridas impostas por outros, marcas, duras marcas de outrora, até mesmo traumáticas feridas infligidas em nossos primeiros dias, em nossos primeiros passos.

Somos e fomos refrigérios. Refrigérios um para o outro. A diminuir dolorosas sensações de perda, de sofrimento, de ausência, de doença, da falta de tudo, de completo vazio, de nada sermos ou termos.

Somos e fomos guias. Guias um para o outro, em um mundo cego, cego de aceitação do que seja diferente, não inerente, mas latente em seres humanos diferentes, opostos, mas que se atraem. Guias a mostrar novos, outros caminhos, outras possibilidades, outras portas, frestas e passagens. Guias a conduzir a outros rumos, a outros prumos, a outros mundos, a outras medidas sem medidas. A conduzir a outros lugares, a outras sensações, a outros sons, a outras músicas, a outras linhas e escritas, a outros versos, a outras prosas. Tudo bem diverso. Totalmente diferente o meu mundo do seu e o seu mundo do meu. Agora complementares, agora pares. Já não posso viver só no meu mundo, pois necessito do seu mundo. E você já não pode se contentar somente com e no seu mundo, precisa do meu mundo, também.

Somos e fomos oásis um para o outro. Lugar seguro um para o outro. Em que meu corpo repousa, encontra a paz, em que seu corpo encontra meu corpo, unindo-se para não mais separar-se, não mais, nunca mais. Essa paz após provada não pode ser mais deixada, abandonada, esquecida. Há de ser sentida, exaltada, partilhada e compartilhada a todos, para todos, em todos os lugares, aqui, lá e em cada canto deste mundo, próximos ou longínquos.

Sim, meu amor. Sim, minha vida. Sim, minha querida. Fomos e somos muito mais, muito mais um para o outro, ao outro, com o outro, no outro, muito mais, sim, do que um mero contratempo.

Pois há um propósito maior para tudo e para todos. Para mim, para você. Sou seu propósito maior. Você é meu propósito maior.

Quando muito fomos e somos, somos e fomos, melros contra o tempo.

Seu melro - contra o tempo - não um contratempo

Vauxhall
Enviado por Vauxhall em 19/02/2012
Reeditado em 29/04/2012
Código do texto: T3507580
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