Injustiça seja feita
Uma das coisas que me deixa furioso é ser causa de injustiça, como quando atribuem a minha pessoa algo que eu não tenha feito nem concorrido para que acontecesse, da mesma forma ser mal interpretado por algo que se escreveu, algo que se falou ou até mesmo por uma expressão de rosto, de um olhar, de um sorriso e até mesmo quando se emite algum outro sinal e estes são entendidos de uma maneira totalmente oposta ao que realmente queríamos expressar.
Não se trata aqui de querer ter razão em tudo que se diz ou pensa.
Trata-se, sim, de não ser dada a pessoa vítima disto nem a mínima oportunidade de explicar, de externar, de justificar-se ou de tentar provar o que na realidade era o nosso objetivo, a intenção primeira.
Isto me acompanha desde a mais tenra idade, época em que sofria muito com a imputação de traquinagens que nem teria imaginado quanto mais efetivamente executado. Talvez pela singularidade de ter um irmão gêmeo idêntico isto tenha marcado este traço de personalidade, quando pessoas nos confundiam e por consequência nossas ações tinham sempre uma, digamos, "dupla autoria".
Acredito que ninguèm aceita sofrer injustiças quando é acusado de algo que efetivamente NÃO cometeu, mas a dor maior é o fato de NÃO ter-se uma oportunidade, uma chance mínima que seja para nos defendermos.
Somos acusados e pronto. Passa isto a ser uma verdade absoluta, não são aceitos questionamentos de qualquer natureza. É assim e ponto final.
Se no aspecto profissional e de vivência com familiares e amigos isto já é algo muito constrangedor, na vida amorosa a dimensão disto é de uma brutal relevância, uma vez que a razão fica totalmente à margem,
e a emoção e o coração tomam as rédeas junto as partes e nesse caso fica quase impossível o mínimo diálogo, o restabelecimento da paz, da concórdia. E as dores sentidas, as mágoas, marcam-nos a ferro e fogo.
Para sempre.