SÉTIMO DIA

BARBACENA, 2 de fevereiro de 2012

Mãe,

Quem tem a palavra tem o poder. Quem tem o poder... lavra.

Dona Maria comprou, pagou, tirou o passaporte para ir para a Terra Santa. Como fisicamente ela não pôde ir, já devolveram até o dinheiro. Neste momento Maria Batista está na fronteira para entrar no Paraíso.

Para entrar, mesmo com o passaporte, tem que ter o visto. São Pedro esclarece à Batista que o visto é o perdão que a comunidade vai dar aos seus seis filhos.

Se vocês perdoarem a Luís, a minha ausência de 30 anos ao lado dela, ela terá um sexto do visto.

José Márcio, Sérgio, Rogério, Júlio César e Luciano

- Algum irmão meu, destes que passaram nove meses em seu ventre, quer pedir à comunidade, usando a mesma linha de pensamento e, confessando seu pecado, conseguir o perdão para que se complete todo o trâmite burocrático celestial?

De pé, pois todos já nasceram soldados:

Neste momento uma voz grita “-PARE”. Os santos abrem caminho. Jesus surge e declara com a mesma autoridade que faz falar aos mudos, a ouvir aos surdos e a ver aos cegos, uma nova lei:

“- PARA ESTÁ MULHER, EM ESPECIAL, APENAS O PERDÃO DE UM DOS SEUS FILHOS BASTA.”

Maria Batista caminha alegre para Jesus, escoltada e saudada pelos santos e deposita um ramalhete de perdões da comunidade de São Sebastião aos pés de Nossa Senhora das Graças.

“Quem conhece sua mãe sente-se seu filho”. Lao-Tsé

Seu filho,

Luís

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 02/02/2012
Reeditado em 02/02/2012
Código do texto: T3475734
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