Fortaleza, 20 de abril de 1999
Fortaleza, 20 de abril de 1999
Estando nesta capital cearense, em companhia da filha Lílian, do genro Sérgio e dos netos, a Jéssica e o Victor Hugo, não me sacudiu as emoções, esta terra nordestina. Nela, vejo os prédios imensos somente como concretos armados, “sem almas para morar neles”. Até o mar não consegue me reanimar, apenas as realidades de meus queridos familiares, citados acima, me estão impulsionando, tamanho o desânimo reinante em mim. Também, o céu anil e suas brancas nuvens, bem como o jorrante vento, ficam assim, sem tanta importância. Somente uma vontade incontrolável de querer mais e não ter mais, porque a filha Lílian, a Jéssica, o Victor Hugo e o Sérgio ficarão neste lugar sem mim e eu sem eles. É o sentir o corpo mutilado, o espírito e a alma. São lágrimas deveras contidas. São lágrimas que não conseguem lavar-me inteira, por mais abundantes que sejam. São dores agudas e persistentes que me tolhem, me trituram as carnes, os músculos, as células, as vísceras. Caso ficassem somente no corpo, na cabeça, nos membros, mas vão, as dores, além da espiritualidade e grande é o meu dissabor. Ficar, pois, separada deles, principalmente da filha e dos netos, é sentir um grande castigo sem merecê-lo. Que Deus segure nas nossas mãos e consigamos caminhar, em separados, quando não me encontrar em suas companhias.
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Do livro “Algumas emoções, dentre tantas, que puderam ser registradas a respeito do meu neto Victor Hugo”, 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2011, página 19.
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