Ao tempo

Se me for possível, se houver tempo, eu não quero mais perdê-lo.

Nem deixá-lo passar. Não posso achar que devo, num simples piscar de olhos, fazê-lo voltar e refazer em mil e um planos o que já foi feito. Justamente porque ele passou e o tempo que eu tenho é pra mostrar diferente, não mudar o que fiz.

Eu não quero desapontá-lo, Tempo. Mesmo que você seja quase sempre passado quando nos concentramos em você. Ou mesmo que você chegue imediatamente quando pensamos no futuro.

Preciso de um tempo pra me equilibrar e saber que de fase em fase tenho que acertar meu ponteiro com a sua dinâmica, sem acelerar ou retardar o que é ininterruptamente andante, compassado e ritmado com estilo e dimensão própria.

Venho propor que eu tenha você dentro de mim, sem pensar em exagero se faço certo ou errado, mas apenas agir com o tempo que a ação leva e pra ela se fazer concreta dentro de si. Para não ser apenas temporária, mas inteira e preenchida.

Porque eu sei que pra ser um presente, o presente tem que 'ser' e não apenas estar ali.

Posso tentar? Já aproveitando esse espaço pra escrever e exercitar?

Mais que atenciosamente,

quem há tempos esperou pra dizer isso.