Confessa

- Quantas ruas me faltam percorrer para chegar

até ti? Porque te vejo, como uma sombra giratória se não estás em lugar nenhum?

Porque te perco se te encontrei, algures, para além do tempo que nunca vivemos? Não sei porque sei tudo isto e acima de tudo porque sinto o que escrevo. Nem me lembro a razão porque me interrogo.

- Será degredo?

Loucura?

Nada importa!

…Só espero ver os teus olhos luzidios, quando te encontrar finalmente para além das sombras. Que me beijes com o hálito a denunciar o mesmo chocolate onde fui engordando o desespero desta espera.

É que eu preciso que traces o meu destino, como se eu fosse um esboço que me fará sorrir milagrosamente, através de uma tela, algures perdida nos teus pensamentos.

Para já, vou mirando-te nesse reaparecimento repentino, enquanto sobes as paredes do meu quarto como se fosses uma osga, esquiva.

Deita ao meu lado e confessa.

- Os teus olhos são os mesmos faróis que à noite me chamam com intermitências?

Se forem… irei ter contigo às apalpadelas. Quero esse momento inultrapassável!

Sabes?

…Trago na ponta dos dedos, a calosidade de tanta insistência desnecessária.

Foram tantas as vezes que carreguei no interruptor só para te ver, que tal vontade teria dado para aprender a desenhar um mapa onde delinearia essa procura sem regresso

Helena Correia
Enviado por Helena Correia em 25/01/2012
Código do texto: T3461214