Aqui contigo

Estou aqui sentada suportando tanto peso nos ombros

Tenho o teu retrato nas mãos, e meus olhos molhados lembram o passado, não é papel é a memória que sabe de cor todos os teus traços, o teu cheiro e o sabor do teu colo.

Sinto-me bem aqui parece que estamos mais próximas, sei que não me podes responder, mas mantenho em mim a esperança que nos vamos encontrar e que escutas todas as minhas palavras, como há tão pouco tempo.

Pergunto no silêncio repetidas vezes a Deus, porque haveria de ser a minha mãe que Ele chamou para companhia…

existem tantas mães de filhos mais crescidos! que Ele ainda não chamou…

Dizem-me que é para tu descansares mas eu não compreendo, tu não andavas cansada! E se andavas podias descansar aqui, eu ficava no teu colo, tu dizias que isso era bom para ti…

“Parece que estás nas nuvens?!”…E sabes eu penso mesmo que estás, as nuvens estão aí mais perto de ti, mas eu não acho graça nenhuma, já não tenho vontade de rir.

Nunca soube o que era ter saudades tuas, e não gosto nada de as sentir.

Todos os dias de manhã acordo vou até à cozinha e penso que te vou lá encontrar, mas quando observo em toda a volta tu não estás…em cima da mesa está o pacote de leite que o pai ali deixou com o meu copo preferido para eu beber, antes de sair para trabalhar, mas eu não tenho vontade…depois penso que tu queres que eu coma, dizias sempre que era importante para mim, então lá como e saio…

Também já não vou a correr…

Numa das minhas conversas em que parece que Deus não me responde, senti dentro de mim vozes que me dizem, tudo isto aconteceu a ti porque tu és muito forte, uma mulher que sabe fazer de tudo um pouco…pois é! Ah!, mas sabes eu não acredito, tenho medo e não quero crescer…quero ser a tua menina e ficar aninhada no teu colo…

Eu sofro e nem sei porque, não estou doente e todos os remédios que me davas quando sentia dor agora nada me fazem.

Sabes mãe, não consigo apagar o teu último olhar, sabias que ias embora e que eu ia ficar…

por isso me pediste para não demorar, tu sabias mãe.

No entanto agora só queria descansar…

Depois penso nas coisas que tu fazias e eu tento fazer mas, nada fica como quando eram as tuas mãos…

Agora e porque mesmo aí longe estou precisando de ti minha mãe…

para mim serás sempre eterna!

Helena Correia
Enviado por Helena Correia em 21/01/2012
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