Indefinível...

Eu já duvidava... Acreditava, pensava se seria possível, perdia a esperança de novo, e voltava a crer...

No fundo, era o Querer que fazia com que tudo tivesse sentido, até a desistência.

Quando ele veio, me vi perdida.

Perdida de mim, perdida da vida, perdida em minha vida.

De repente, olhar ao redor e não saber como fazer pra correr, nem por que eu deveria correr tanto...

Não saber... Temer...

Nunca pensei ser possível sentir tanto medo de uma pessoa.

Sabe aquela sensação de congelamento?

É como se uma dormência invadisse o sangue, e nada chegasse ao cérebro a tempo de causar um pensamento, como se os neurônios se retraíssem ou formassem uma parede dura e áspera, daquelas que não se permite ser derrubada ou que se pule...

E do outro lado, bom... Do outro lado só havia ele. O primeiro homem, em anos, que me fez querer o que tinha do outro lado do muro...

Tenho um querer, na verdade um bem-querer enorme aqui dentro.

Uma mistura de sentimentos, sensações, angústia, desespero, ansiedade, raiva, mas tudo passa só de pensar nele. Fica uma tristeza de inutilidade, uma dor frustrada.

É a hora de sentar e descansar...

Aí, sabe-se lá por que tanta teimosia em crer, esperar por um milagre do qual nem sei ser merecedora... E saber, dizer pra mim mesma em alto e bom tom, que tudo vai acabar bem pra mim, só tenho que ter paciência.

Paciência... a lição mais dura da minha vida.

Paciência... uma amiga cruel quando você precisa conquistar sua amizade.

Paciência... uma penitência, um sussurro indefinível, uma esticada de tempo que parece não ter fim... uma hora é como um dia, um dia é como uma década inteira de espera...

Mas tudo passa num instante. Aquele instante único em que fecho os olhos e sinto como se ele estivesse aqui, perto. Posso sentir o cheiro, o toque, o gosto. Posso quase jurar que está aqui de verdade.

Não está... Ainda não, talvez nunca, talvez amanhã...

Pudera eu saber agora...