Queridas Red Cherry’s,

E nossas flores?

Amassaram-se todas com o peso dos enganos.

Conseguem se lembrar daqueles dias dourados de verão?Daquele quarto vazio na casa da Mari, com pôsteres de Gun’s e Green Day?

Do velho rádio tocando um cd arranhado...Um pouco de ‘’Smell like teen spirit’’ e cigarros queimados no parapeito da janela.Nós éramos as quatro pequenas cerejas vermelhas, sonhando com algo impossível!

As cerejas amadureceram e caíram no escuro chão da vida, bem longe das raízes dos nossos sonhos.Éramos as românticas, as cantoras, as bêbadas por vontade própria...Sem álcool, com felicidade!

‘’I just wanna live!

Don't really care about the things that they say

Don't really care about what happens to me.’’

À plenos pulmões nós cantávamos nas ruas, equilibrando no meio fio.Éramos quatro loucas subindo a avenida.Quatro pares de all star sujos de asfalto.Dois skates para as duas mais corajosas.Um maço de cigarros e um violão para as outras duas poetas.

Taty e seus tombos inusitados, as piadas inteligentes e risadas exageradas.

Mari, com seu andar tranqüilo e jeitão meio hippie.

Nah, com seus versos inteligentes e conclusões profundas.

E eu?Nem sei o que era.Só sei que era feliz...

Desculpem-me, minhas três amigas, pela confusão que fiz, as brigas que provoquei, minha vingança idiota.Perdoem-me pelo excesso de princípios, perdoem por eu achar que estou sempre certa e no direito de julgar.

Mesmo depois de tudo, amo vocês e amo o que fomos um dia.

Para as três melhores amigas que tive e não soube cultivar nossa amizade.Desculpem por tudo, Red Cherry’s Nah, Tati e Mari.

Lari, eterna cereja vermelha...