Carta aos "recantistas"...
Recanto das Letras: simbiose poética das nossas almas...
Recanto das Letras: simbiose poética das nossas almas...
Anteontem, quando eu postei “Raiz” (Pensamentos), deu-se bela simbiose: a recantista Zuleika dos Reis comentou que, simultaneamente, ao inspirar letras intuiu as palavras “mundo” e “fundo”. Palavras estas que, em substituição às que eu acabara de escrever em “Raiz”, tornaram o pensamento mais belo e digno da publicação!
Intuo que a inspiração pousa na Terra porque carregada no ar. Ontem, teve um mesmo ventinho que soprou nas mentes minha e da Zuleika e nós o cascateamos na Terra pelo jorro incandescente das nossas letras poetadas.
Afinal, foi na mesma hora que nós duas captamos a “Raiz” de um “mundo” que é muito “fundo” – na profundidade, a mais autêntica verdade é a etérea sem forma do que nos ilude ser apenas a unidade...
Amigos Recantistas, sobremaneira na poesia, nenhum vive de alma separada... Ela, a alma, é mesclada porque sonhada e compartilhada na matizada composição do Recanto das Letras.
Então, para ilustrar a etérea poesia que paira perene no grande mistério das brumas esquecidas, segue uma estorinha (é lendária e a contarei dentre minhas e outras palavras):
Era uma vez um príncipe que se julgava tão poderoso a ponto de ter destruído o conhecimento – suas terríveis tropas invadiram o Reino das Peônias onde estava o tesouro do Sr. Shung.
Os aguerridos reduziram a cinzas a biblioteca das Dez Mil Línguas, o Templo das Belezas Soberanas e a belíssima coleção das Sete Artes.
Numa lápide de pedra a inscrição “há quatro tesouros valiosos: Uma mulher bela, um filho valente, um bom livro; são os três primeiros, e o quarto é a recordação desses três” foi o que restou do Tesouro do Sr. Shung.
Mal contento a altivez, o príncipe olhou para o céu a indagar do perdão pela destruição do que julgava ser o conhecimento, ele dizia:
- Matei muitos homens; não me arrependo. Mas, jamais os céus poderão me perdoar por frustrar nos seres a esperança da cognição e por matar no tempo a beleza dos templos.
No pouso do Pássaro-Sol, eis a admoestação:
- Pensa que terias como destruir o que nunca te seria dado a construir?!? A vaidade cega a verdade reveladora de que a beleza e o conhecimento são espíritos e espíritos não sucumbem nem na mais cruenta das mazelas humanas: a guerra!
Mas, o príncipe não podia crer que o fim de tudo não estivesse na ponta da sua espada:
- Por Deus, deem-me o castigo pecuniário que mereço por ter calado para sempre a voz dos livros.
Do eco das mais remotas artes, imperaram as palavras do Pássaro-Sol:
- Se se dá ares de tanto poder a ponto de temer os próprios atos, escuta o que digo:
“Não te lamentes pelos livros que incendiaste, pois serão novamente escritos. Não te lamentes pelos poemas que perdestes ou pelas canções que silenciaste, pois seguirão cantando por toda a eternidade. Sonhamos o que destruímos só para descobrir que nada se perde. Com uma bola de fogo incendiaste a Biblioteca das Dez Mil Línguas, mas nem uma delas foi silenciada, ó príncipe. Desde o princípio do mundo que os homens quiseram silenciar as línguas, mas as palavras do primeiro homem serão de novo pronunciadas pelo último homem. O conhecimento não morre com os livros, mas os homens morreriam sem o conhecimento. Por isso sempre os livros serão escritos, e embora não se saiba, será sempre o mesmo livro. Quando pensamos que uma ideia é nossa, mais do que nunca ela não é nossa. Os homens podem morrer pelas suas ideias, pois homens são mortais, mas as ideias jamais morrem pelas mãos dos homens, porque as ideias são imortais. Por isso, príncipe, contenta-te em aprender essa lição. Os homens têm sonhos de beleza e protegem-nos porque pensam que são frágeis. Uma simples rima de um poeta é mais forte que todas as cordas grossas do mundo, que um dia atarão juntos todos os homens. Uma débil linha pintada num tecido de seda é mais forte que todas as montanhas, mais antiga que os céus, mais duradoura que o tempo. A beleza não precisa ser protegida por ser frágil, mas a ela deve ser rendida homenagem porque é Divina. Ó príncipe, busca a beleza não nas cinzas do tesouro, mas na ruínas do teu próprio coração, criadas pela tua ambição. É melhor ser servo da beleza que governante dos homens.”
Intuo que a inspiração pousa na Terra porque carregada no ar. Ontem, teve um mesmo ventinho que soprou nas mentes minha e da Zuleika e nós o cascateamos na Terra pelo jorro incandescente das nossas letras poetadas.
Afinal, foi na mesma hora que nós duas captamos a “Raiz” de um “mundo” que é muito “fundo” – na profundidade, a mais autêntica verdade é a etérea sem forma do que nos ilude ser apenas a unidade...
Amigos Recantistas, sobremaneira na poesia, nenhum vive de alma separada... Ela, a alma, é mesclada porque sonhada e compartilhada na matizada composição do Recanto das Letras.
Então, para ilustrar a etérea poesia que paira perene no grande mistério das brumas esquecidas, segue uma estorinha (é lendária e a contarei dentre minhas e outras palavras):
Era uma vez um príncipe que se julgava tão poderoso a ponto de ter destruído o conhecimento – suas terríveis tropas invadiram o Reino das Peônias onde estava o tesouro do Sr. Shung.
Os aguerridos reduziram a cinzas a biblioteca das Dez Mil Línguas, o Templo das Belezas Soberanas e a belíssima coleção das Sete Artes.
Numa lápide de pedra a inscrição “há quatro tesouros valiosos: Uma mulher bela, um filho valente, um bom livro; são os três primeiros, e o quarto é a recordação desses três” foi o que restou do Tesouro do Sr. Shung.
Mal contento a altivez, o príncipe olhou para o céu a indagar do perdão pela destruição do que julgava ser o conhecimento, ele dizia:
- Matei muitos homens; não me arrependo. Mas, jamais os céus poderão me perdoar por frustrar nos seres a esperança da cognição e por matar no tempo a beleza dos templos.
No pouso do Pássaro-Sol, eis a admoestação:
- Pensa que terias como destruir o que nunca te seria dado a construir?!? A vaidade cega a verdade reveladora de que a beleza e o conhecimento são espíritos e espíritos não sucumbem nem na mais cruenta das mazelas humanas: a guerra!
Mas, o príncipe não podia crer que o fim de tudo não estivesse na ponta da sua espada:
- Por Deus, deem-me o castigo pecuniário que mereço por ter calado para sempre a voz dos livros.
Do eco das mais remotas artes, imperaram as palavras do Pássaro-Sol:
- Se se dá ares de tanto poder a ponto de temer os próprios atos, escuta o que digo:
“Não te lamentes pelos livros que incendiaste, pois serão novamente escritos. Não te lamentes pelos poemas que perdestes ou pelas canções que silenciaste, pois seguirão cantando por toda a eternidade. Sonhamos o que destruímos só para descobrir que nada se perde. Com uma bola de fogo incendiaste a Biblioteca das Dez Mil Línguas, mas nem uma delas foi silenciada, ó príncipe. Desde o princípio do mundo que os homens quiseram silenciar as línguas, mas as palavras do primeiro homem serão de novo pronunciadas pelo último homem. O conhecimento não morre com os livros, mas os homens morreriam sem o conhecimento. Por isso sempre os livros serão escritos, e embora não se saiba, será sempre o mesmo livro. Quando pensamos que uma ideia é nossa, mais do que nunca ela não é nossa. Os homens podem morrer pelas suas ideias, pois homens são mortais, mas as ideias jamais morrem pelas mãos dos homens, porque as ideias são imortais. Por isso, príncipe, contenta-te em aprender essa lição. Os homens têm sonhos de beleza e protegem-nos porque pensam que são frágeis. Uma simples rima de um poeta é mais forte que todas as cordas grossas do mundo, que um dia atarão juntos todos os homens. Uma débil linha pintada num tecido de seda é mais forte que todas as montanhas, mais antiga que os céus, mais duradoura que o tempo. A beleza não precisa ser protegida por ser frágil, mas a ela deve ser rendida homenagem porque é Divina. Ó príncipe, busca a beleza não nas cinzas do tesouro, mas na ruínas do teu próprio coração, criadas pela tua ambição. É melhor ser servo da beleza que governante dos homens.”