Vaquinhas da Serra
Querida mãe.
Sua neta de olhos ligeiros e atentos, na viagem pela serra, observava inquieta o gado pastando em paz pelos morros sem fim.
Aquilo era um desafio à lei de Newton, concluía para si. Como as vaquinhas não caem? O morro é íngreme pra burro !?
Assim, sem se convencer pelos seu próprios métodos, consultou-me ternamente sobre que peripécias deveriam fazer aquelas rezes ali para não despencarem. Eu? Na maior naturalidade professoral revelei a verdade. - Elas tem um lado do corpo com as pernas mais curtas!
Que orgulho triunfante vi em seus olhos ao testemunhar que seu pai sobre tudo tinha a resposta certa. Que armadilha!
Meses depois fui chamado à escola. Pequena revolução em sala de aula transformou-se em problema junto à diretoria. Bibi defendia com faíscas armadas no olhar, a sapiência de seu " amigo velho " naquela hora envergonhado por não desmentir a troça que armou. Arrependido eu ri muito daquela farra e amando ainda mais minha filha, passei de mestre de qualquer obra para mais feliz aprendiz daqueles olhos castanhos. Que orgulho!