Duplo Delírio
E veio em mim, tempestuosa como a noite que ronda estas tuas paredes, a culpa e o remorso por ser de ti tão dependente. Não valho tanto aqui, e é certo que quando tenho algum, este é muito pouco, mas é verdadeiro e não existe só por palavras em saldo. Absurdas idéias rondaram minha mente neste pequeno forno mal iluminado, e muitas delas seriam de grande valia, se a coragem de andar sem pedir sustento me viesse à tona.
A inspiração me escapa aos olhos feridos pela pouca luz que (não) me é permitida. Ponto.
Um, dois dias depois e a tormenta foi-se embora deixando o outro lado numa calmaria insuportável, e enquanto o santo de tantos não me permite você de volta, será assim, com momentos de lembrança, nos quais a frescurinha inventada tornava a personagem tão cativante, que a descrença me trouxe alegrias imensas.
Confirme que é o jeito. O (único) jeito.
Ouço o que não escuto. Passo por despercebido, desentendido, enquanto houver paciência. E imagino se chora, se dorme, se imagina de volta, se...
Pedi para que a lua dissesse em silêncio o que tenho comigo, e quando ela não puder mais espiar você, pedirá ao sol que grite radiante aos teus olhos que eu te amo.