Querido Aniel,
                      
                     Tudo bem? Aqui o sol está de rachar. O que vale é o vento sudeste. Ameniza um pouco. As madrugadas são agradáveis. Não gosto de ar refrigerado, mas pode-se abrir as janelas, e dormir a vontade. Os hotéis e pousadas estão com quase cem por cento de ocupação. E a Prefeita anunciando um réveillon das arábias.( Ainda existe isso? Como estou velho, menino!) Promete queimar todos os seus fogos e quem sabe ultrapassar o Rio.

                      Olha, acabo de ler um livro encantador: “ADA – Mulher. Pioneira. Aviadora”, de Lucita Briza. Biografia de Ada Leda Rogato (1910/1986). A terceira mulher brasileira a se brevetar como aviadora. A primeira em planadores e paraquedismo. Paulista de Cambuci. Com pouco mais de um metro e meio de altura e uma coragem de milhares de quilômetros  voados, planados e saltados. A propósito de contar a vida de Ada, a autora acaba contando o pioneirismo feminino na aviação brasileira e no mundo. Conheci uma dessas pioneiras: Anésia Pinheiro Machado, também paulista e também baixinha. Eram arquinimigas. Anésia foi a segunda brasileira a se brevetar em aviação.

                       Ela fez tudo na aviação: voos de coqueluche (lembra?), de pulverização agrícola, taxi aéreo, charter, esportiva, patrulhou a costa brasileira durante a segunda grande guerra, reides. Tudo isso em aviões chamados teco-teco e sem instrumento. Nos reides, foi de uma coragem incrível. Começou com um Brasil/Bolívia, pousando pela primeira vez com um mini avião no Aeroporto de El Alto, em La Paz, a 4.071m acima do nível do mar; depois, fez o reide Sul Americano, 11.200km e 116 horas de voo solitário; em seguida, fez o reide a Terra do Fogo (12.800km e 82h43min) também voo solitário; reide pelas três Américas, 51.064km e 364 horas, sozinha; reide pelo Brasil de norte a sul e oeste a este: 26.067km e 163 horas, sempre só. Daí receber vários epítetos: Gaivota Solitária, Milionária do Ar, Rainha dos Céus das Américas, Águia Paulista, Pomba Solitária do Brasil... Atravessou onze vezes os Andes.

                           Recebeu prêmios, medalhas, comemorações, foi recebida por governantes e altas patentes de “oropa, frança e bahia”. Mas para se manter teve que ser funcionária pública. Morreu pobre, teve um enterro a “altura”, mas foi logo esquecida. Seus troféus dispersos, seus restos mortais “repousam anônimos no Ossoário de Santana, em São Paulo”. Enquanto Amélia Earhart , a pioneira americana pode ser admirada em recente filme americano. Também vi um filme sobre Anésia. E sobre Ada? E, aí, paulistas!? Recomendo-lhe, o livro.

                           Como já nos falamos pelo Natal, resta desejar-lhe um feliciiiiiiicimo Ano Novo.

                                                              Abraços.   Alberto.

 
Alberto Soeiro
Enviado por Alberto Soeiro em 30/12/2011
Reeditado em 30/12/2011
Código do texto: T3413804