Para a criança que há em mim
Terra Esquecida, 27 de dezembro de 2011
Olá, minha pequena porção de sonhos!
Finalmente, depois de tanto tempo, decidi te procurar. É que ando um tanto sem graça, sabe. Estou ficando rancinza... quer dizer, ranzinza. Ando enxergando tudo preto e branco, como a imagem dos antigos televisores.
Os problemas do mundo adulto fizeram com que eu me esquecesse de nossas alegres brincadeiras. Tu vias em cada dificuldade uma oportunidade de superação e nunca desistias perante os obstáculos. Nada temias, pois tua fé em Deus era maior que as incertezas do mundo.
Sinto saudade de tua companhia. Amava ler contigo os quadrinhos da Mafalda e os do Calvin e Haroldo. E comer pipoca quentinha, então, nem se fala! Ainda mais quando assistíamos aos velhos episódios dos Trapalhões ou nos divertíamos com os filmes de animação, principalmente Madagascar: Eu me remexo muito!
Mas o tempo insiste em passar, não é mesmo?! Espero que sejas sempre essa criança doce, alegre, curiosa e amiga. Perdoe-me por tê-la esquecido. O mundo é cruel às vezes.
Desperte, menininha! As estrelas voltaram a contar as histórias dos tempos imemoriais: venha ouvir sobre o herói que lutava por nobres ideais, sobre o príncipe que viajava com os cometas, sobre o menino do dedo verde ou mesmo mergulhar nas aventuras de uma boneca de pano falante... Volte, menininha, e me diga que o sonho não morreu.
Sinto que te sufoquei com minhas mágoas e tristezas. Apaguei o brilho dos teus olhos por causa dos medos que nasceram dentro de mim. Pobre criancinha, não mereces esse triste fim, mergulhada na solidão do esquecimento...
Mas sei de um lugar em que tornarás a te alegrar. É um reino maravilhoso, onde a tristeza nunca terá morada. Lá não há dor, nem choro, nem morte. Há um Rei que te aguarda e te ama muito. Sabe, esse reino pertence aos pequeninos e eu preciso de ti, da tua humildade, amor e pureza, para viver lá quando o Grande Rei voltar e seus anjos nos resgatarem. Por isso, fique ao meu lado, minha criança interior, preciso de ti para vencer as amarguras da vida.
Com muita saudade,
Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira