Istmo
Há tanto por dizer e fazer. O peso de minhas palavras é como uma pena pairando sobre suas mãos; insisto em despejar-me frente aos seus olhos em doses homeopáticas que é para amenizar o choque. Você recebe partes minhas, enquanto eu trato de tentar conseguir sentir-me confortável mediante ao pouco de mim que fica e o muito de você que adentra. Estamos presos aqui. Nossa caminhada é longa e próspera, o tempo dança ao redor de nós enquanto perdemo-nos no emaranhado de sentimentos que nos acomete. Penso que você ressuscitou-me. Brisa duradoura de agosto que me induziu a persistir nesse barco mesmo com velas comprometidas e alguns buracos tapados com esparadrapos de amor e paciência. Eu queria contar-lhe sobre minhas desventuras só para fazer você sentar e ouvir meu choro bonito. Nós estamos próximos e distantes numa única oração, eu lhe peço para encurtar o istmo que nos conecta mas não há saída se não fechar os olhos e desejar-lhe. Desejar-lhe e apenas. Findo engolindo minhas próprias palavras não ditas. Sobressaem-se apenas lamúrias duma paixão tresloucada, sem pé ou cabeça, anelando para ser descoberta quase sem pretensão quando você percebe o tom da minha voz vacilante.