1

Desculpe te responder tão tarde. Eu sei que deve ter pensado em mil coisas, e em vários métodos para saber por onde e como eu estava. Eu estou bem. Só não lhe escrevi antes por que...isso aqui tá uma bagunça!

Não achei que fosse tão difícil reorganizar as coisas. Desembrulhar, limpar...colocar tudo no lugar. E como é difícil. Escrevo pr'a você, e sete caixas me olham: e eu? rs. Já arrumei as roupas, lavei os lençõis. Mas continuo a tomar no copo de requeijão... Ainda não encontrei a caixa dos copos (nem dos vinhos!).

Por falar em encontrar, você ficou sabendo que o Nelsinho voltou do Paraguai? Li em um dos jornais que embrulhavam umas vazilhas da cozinha. Ele voltou com mulher, mala e tranqueiras (não necessariamente nessa ordem), vai montar uma peça baseada num desses caras que só tem consoantes no nome, que niguém lê. O mundo muda, mas Nelsinho não. Achei uns retratos da gente, os antigos. Você quer? Acho que não quero mais.E antes que fique ressentida vou logo dizendo que não quero por que mamãe ainda guarda alguns, os melhores. E que minhas lembranças superam as polaroid's acinzentadas... Não me lembrava que era tão calmo e silencioso. É dificil acostumar com o silêncio. É a torneira que fala mais alto, a geladeira que dá uns estalos, as janelas vibram ao mínimo incentivo...e o relógio? Na próxima vez, me pergunte se já joguei fora! Dos males, o pior: o trem passa pontual ás sete e quinze da manhã, quase silencioso...rs. Antes que pergunte vou logo responder que sim. Que sinto falta, por que não? Imagino que achas que estou a subverter...Não dessa vez. Te falei do sol que bate na casa o dia inteiro? Das amoras, do jornaleiro e do frango a passarinho da esquina? Me lembre...

Penso sempre em você.

Berenice
Enviado por Berenice em 18/12/2011
Reeditado em 18/12/2011
Código do texto: T3394928
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.