Naquele tempo

Há quem diga que as coisas andam no tempo e o tempo, por muitas vezes até mesmo atropela as coisas. Mas certa vez, ouvi uma história de gente que parava o tempo e que podia fazer ali dentro, o que bem quisesse. Imagina só, sem preocupações, sem medo de errar, ai você fica ali transitando, bem naquele momento entre risadas das pessoas, no momento da máxima felicidade. Foi exatamente assim que aconteceu, ele tinha 20 anos, por vezes pareciam 40, quando falava, soava experiente, um homem vivido, digno de todos os cabelos brancos, mas quando sorria, menino de tudo, com brilho nos olhos e cabeça erguida. Foi então, no meio dessa coisa toda, sem porquê, inventa de aparecer uma tal mocinha na história. Não sabendo o que podia acontecer, nem sabendo do que podia fazer, o fascínio foi tão grande, na verdade um susto... Corrijo, na verdade ele se apaixonou. Foi algo tão forte, tão intenso, que contam por essas estradas, que o tal mocinho ficou parado, bem ali, no canto daquela cadeira, parece que ainda posso vê-lo, ele está parado, exatamente entre o “oi” e o primeiro contato. Estranho, aquele momento parou no tempo, parou por quase 20 anos, por 20 anos ele poderia errar naquele momento e ele parou exatamente, quando a mocinha sorriu e falou “oi”, aquele foi o momento, entende? Onde tudo pareceu se decidir, o relógio parece ter travado, saído de seu pulso e falado: “não ando mais até que você faça o que é certo”. Então o tal mocinho, inexperiente por natureza, ensaiou naquele meio segundo, meio milhão de falas persuasivas e convincentes, mas novamente o relógio falou “o mais certo, por muitas vezes é o errado”, então em meio em gaguejos, sem soltar uma frase se quer, o mocinho ofereceu uma tal balinha. Vinte anos se passaram, os dois ainda estão naquele momento!

Leonardo Fernandes
Enviado por Leonardo Fernandes em 15/12/2011
Código do texto: T3389700
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.