O sentimento idiota de um ser quase abiótico no ecossistema.
“Ainda guardo comigo aquela fotografia. Um instantâneo deslize na nossa biografia. Agora somos família. Não temos tempo a perder, mágoas terão de ceder.”
Não quero sair daqui. Pode não ser o lugar em que eu queira ficar, mas é o melhor, nesse momento. Se eu pudesse fugir de tudo... Isolar-me do mundo, como sempre desejei dês de que ganhei um pouco mais de maturidade e percepção... Talvez assim pudesse sentir um pouco de tranqüilidade e esperança. Minha pele já sente o peso e os meus olhos lacrimejam por “felicidade”.
Vejo tuas mãos delicadas e leves acariciando suas filhinhas, e às vezes, agradeceria se fosse verde, e respirasse gás carbônico. A verdade, é que nesse momento, diferente desses componentes bióticos em questão, sinto-me solitária e carente. Inclusive, peço desculpas por isso.
Eu tenho medo do tempo. Maldito esse que aos poucos transforma a semente na flor primavera mais opaca e sem graça já vista em Porto Alegre ou no Rio de Janeiro. E que levemente, deixa-se ser levada pelo vento, chuva, e até pelo sol para cada vez mais distante dessas mãos confortáveis, e que um dia prepararam a estufa mais aconchegante e segura de um jardim.
Eu queria ser uma orquídea. Mas vejo que não passo de um cacto: de uma exótica e inexistente beleza, capaz de afastar todos que ousam tocá-lo, por conta de seus espinhos, e que alimenta-se demasiadamente de água.
Alguém me abraça, por favor.