Despedida

Marcos

Dizem...

Que uma lágrima é a arma preferida da mulher, e da qual se utiliza em todas as ocasiões da vida. Não sei se isso é fato, mas minha alma soluça e já não pode conter-se mais no em meu ser. Então é que escrevo o meu sofrer, exponho minha intimidade, e por meio destas gotas cristalinas que correm e resumem tudo o que a palavra então não dirá. Pois bem colega, nuvens revoltas já se acumulam em meu coração dilacerado, marchetando de negro o céu azulino do meu viver.

Breve, mui breve, retumbara a procela, e vereis então os meus olhos transformados em rios intermináveis! Esse dia que já vem perto devia ser o mais feliz da minha vida porque com ele raiara também a minha independência parcial, e, no entanto, eu assim não considero porque, com uma saudade infinda deixarei aos meus colegas nessas linhas, a minha despedida, talvez o meu último adeus.

Encontrar-nos-emos algum tempo? Jamais!... Tenhamos pois, ao menos a lenitivo da recordação porque o recordar momentos felizes, é reconstruir sonhos esbagoados, e que por certo amenizarão nosso sofrer! Tornar então está carta receptáculo de vossas lembranças! Releia, verá então nas linhas imaculadas, cada palavra e recordara pedaço a pedaço de nosso passado!

Entre tantos autógrafos que certamente ornarão seu diário querido está o meu. Lembrança de quem aqui passou e deixou um segundo de saudade.

Dá colega agradecida. Conceição 02-11-922

carta de despedida da Faculdade de Farmácia de Pindamonhangaba 1922 - Vovô morreria de Influenza 23 - dez anos mais tarde.

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 25/11/2011
Reeditado em 06/02/2012
Código do texto: T3356639
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