Meu querido Aniel,
           Espero que você tenha recebido a minha última carta no tempo certo. Por aqui, continua tudo na mesma. Calor por baixo e vento frio por cima, ameniza. O mais é rotina. Nenhum trauma com esta senhora, que tantos caluniam. Por que é uma rotina de ocupações.
         
           Como você me pediu aqui estou novamente falando de leituras. Helena me presenteou de aniversário o “Byron Apaixonado”, de Edna O´Brian. Acabei de lê-lo (horrível esse “lê-lo”). George Gordon Byron (1788-1824), trinta e 36 anos de vida quase impossíveis de serem resumidos em um livro de 272 páginas. Pois, a vida para ele deve ter começado aos 5 anos de idade, quando a mãe o mandou para a escola, por insubordinação, sempre se referindo a ele como o “aleijado” ou “pirralho  coxo”. Mas, olha só a inteligência do pimpolho, aos 6 já traduzia Horácio e aos 8 já tinha lido todo o Novo e Velho Testamento.
         
            O livro começa com uma descrição da aparência de Byron: “Lorde George Gordon Byron tinha 1,74m de altura, o pé direito deformado, o cabelo castanho, uma palidez assombrosa, têmporas de alabastro, dentes como pérolas, olhos cinzentos orlados de cílios escuros e um encanto a que nem homens nem mulheres podiam resistir”. Ela esqueceu de registrar aí a beleza da voz. O efeito de toda essa beleza foi a grandeza, a comédia e a tragédia da vida de Byron

         
         Mesmo coxo ou por isso mesmo, ele não se descuidou do físico. Praticava a natação, o boxe, o tiro ao alvo e a esgrima.  Como tendia a ser gordo tinha uma dieta rigorosa. Era excêntrico: andava sempre com uma pistola no bolso, dava tiros dentro de casa, tinha  vários bichos circulando pela casa, como: oito  cachorros, uma gralha, três macacos, cinco gatos um falcão, bebia vinho em crâneos...

        
            Um dos medos de Byron era que fosse descoberto o seu homossexualismo, severamente punido, na época. Uma de suas maiores paixões foi por um jovem chamado Edleston, a quem ele chamava de Thyrza, nos versos que a ele dedicava:

“Mas eu te amei até a partida
Com um fervor como o teu
Que não mudou por toda a vida
E ora não se perdeu”. 
 

 
          O livro é também uma visão crítica da sociedade e da corte inglesa, no período. Intrigas, dividas, adultérios, traições, amores incestuosos como o do próprio Byron, com sua meia irmã, Augusta, com quem teve uma filha, enfim é uma verdadeira baixaria. É relativamente fácil conhecer o pensamento deles porque escreviam muitas cartas e diários.
                   Como você sabe, sou preguiçoso para ler poemas longos, mas fiquei com vontade de ler algumas de suas poesias. Vou procurar. Depois eu conto.
                                          Abraços. Alberto.                                                  
 

 
Alberto Soeiro
Enviado por Alberto Soeiro em 14/11/2011
Reeditado em 14/11/2011
Código do texto: T3334964