Hoje é 2100

Hoje é 2100 e eu não estou aqui, aliás eu não sei onde estou, mas contemplo a beleza dos campos e das cidades e vejo a antes pequena cidade onde vivi. Lá não tem alguém que conheço e não se lembram de mim. O holocausto dos meus dias, resumidos em uma única via, nem deixou sombras ou paisagens do que fui, mas meu coração toda hora quer voltar pra lá. Percebo que me desgarrei de um jeito triste do que me guardava esse destino tão comum. Quando nossa dor é ouvida tem-se a sensação, errônea, de que ela é menor, e nosso catre, essa existência indeterminada, adquire ares de esperança. Hoje é 2100 e daqui dá pra ver que podia ser natal, de tanta luz, e a terra, ela mesma é uma árvore, que brilha ainda mais bela pela alegria desse meu povo, que finalmente vem encontrando a paz. Alguém se lembrará, por certo, dos homens que se foram, e as velas, acendidas até por pequeninas mãos, me trarão o calor e animarão os meus olhos a continuarem ainda abertos.

Ilho
Enviado por Ilho em 11/11/2011
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