De um mwangolé para o país do carnaval/Football
Olá amigos! Talvez vocês não me conheçam e nunca ouviram falar de mim, mas eu já ouvi falar de vocês, e ás vezes mergulho no vosso ambiente como qualquer jovem que ama aventura e se apaixona pelos ditos e ritos de qualquer povo.
Meu nome é Sanene (ónene), que quer dizer no dialecto dos uvimbundos “grande”, mas tudo bem; não é tão complicado de se expressar, mas fazer o que né? Se é a forma mais simples de me identificar como um africano e em particular angolano.
Gosto de apreciar o vosso povo e os ritmos de vossa cultura; ainda não sei quase nada sobre vocês, mas o que já me falaram, achei ter sido suficiente, gostei de ouvir e queria também falar para vocês um pouco de minha terra.
Para começar; Angola é como se fosse um pedacinho de vossa terra, a cultura é muito rica, começando com a cultura do povo lunda ou tchokwé que corresponde a parte norte do país “N´gola ou Angola”. Na verdade foi exatamente por intermédio dessa tribo que o país é rico culturalmente. Foi nessa tribo onde saiu à máscara feminina Mwanapwó e a peça de escultura em madeira chamada o pensador, tanto mais que muitas figuras artísticas dessa tribo estão bem timbradas no nossa moeda que chamamos de Kwanza, devido ao rio Kwanza que é um dos grandes panoramas que o país oferece aos turistas.
Dentro da África Subsaariana e oceano indico, o rio Kwanza é uma paisagem bem diferenciada, é rica em flora e em mineiros ainda não explorados; Angola é um país que esta crescendo e também depois do factor guerra o povo está se esforçando para que o país esteja igual aos demais no rumo do desenvolvimento sustentável, está crescendo como uma flor que ainda precisa ser regada a cada instante. E claro; vocês podem também continuar a nos ajudar.
Muitos brasileiros tem se instalado ao nosso território investindo juntamente em parceria com o nosso governo, levantando grandes infraestruturas na capital e em diversas partes do país. Estão trabalhando arduamente com os chineses a fazer de Angola um país melhor para todo mundo.
Estão reformando os bairros e dando um novo horizonte nas zonas urbanas, avenidas e nos murais das grandes cidades, dando corpo e forma aos nossos jardins e sorrisos as crianças desfavorecidas de diversos lados do país, Angola hoje é na verdade um verdadeiro canteiro de obras.
Hoje em Angola já se fás surtir efeitos de desenvolvimento sustentável, mesmo também no capital humano. A juventude está se empenhando muito para uma Angola digna de se viver sem preconceitos e tabus.
Eu pertenço a tribo dos ovimbundos que tem como a sua língua dialética Umbundo, talvez um de vocês já ouviram falar dessa língua, é uma das língua muito falada na parte sul e centro do país.
Quero falar de uma brincadeira muito praticada aqui na minha banda; e gostaria de um dia ensinar para vocês, nós chamamos de cataléco. É uma brincadeira bem divertida e todo aquele que é pai hoje aqui em minha terra, provavelmente já passou por esta brincadeira.
Aos fins de semana, minha mãe preparava sempre um bom feijão de olho de palma com calulu, e às vezes o cardápio chegava a ser mais recheiozão com o mwambá e funji de bombom ou às vezes funji de milho. Na verdade o funji de bombom é mais comido no norte pelos Kimbumdo é feito de mandioca, ou seja, é uma farinha proveniente da mandioca, a maioria deles “Kimbundo” vivem em Luanda na capital. E já eu, vivo em ombaka “língua umbundo” que em português quer dizer Benguela. Esta cidade já foi considerada a maior praça de tráfico de escravo na época do trafico triangular e hoje é uma cidade muito turística e recomendada pelos estrangeiros; é considerada a cidade das artes, bem ao centro beija ao mar um pico triangular e o museu de arqueologia, tudo isto esta situado na cidade das acácias rubras “como diz o apelido”, a cidade é rodeada por muitas acácias, ainda terei de vos mostrar a praia morena juntamente com a Baía Farta e a Baía Azul que tem sido inspiração de muitos artistas; temos um belo deserto na província do Namibe e com uma planta bem diferenciada no mundo que a chamamos de Welwitcha Mirabiles. Tem um mito sobre essa planta que engolia as pessoas no tempo dos meus antepassados, essa planta também é uma das marcas no país. Falando de marcas, a mais destacada e apreciada é a de um animal muito lindo que a chamamos de Palanca Negra, é o motivo de nossa seleção de futebol terem sido chamados de “palanquinhas no CAN (Campeonato das nações africanas)”, só que infelizmente esse animal esta em estado de extinção.
Nas quadras festivas os bairros ficam cheios de tchinganji (palhaços) e dançam até ao entardecer, só que isso nem sempre acontece nas zonas urbanas, mas nos matos e nas sanzalas é muito divertido comtemplar; eles dançam com mascarás e tocam batuques e marimbas num ritmo bastante africanizado.
Na província da Húila (Lubango) tem uns povos muito distintos que se chamam os Mwmúilas, eles ainda não estão muito ligados ao mundo moderno, são muito conservadores, alguns historiadores do país dizem que eles são descendentes dos Koísam, que foram os primeiros habitantes em Angola (N´gola). Têm uma cultura muito rica, os homens se dedicam a caça, outros são pastores de gado e camponeses, as mulheres as vezes fabricam cestos e panelas de barro, para colocar quisángua, água e para feitura do feijão fradi ou catchayaya, as mulheres também fazem jarrinhas de barro para colocar leite, e o leite por sua vez fica muito tempo na jarrinha até ficar azedo e assim chamamos de maíne; esse leite é comido com funji de milho ou de bombom, é muito gostoso e já provei várias vezes. Mas tudo bem quem sabe um dia vocês provam do meu maíne (sorrisos).
Falei tanto, mas não tanto quanto vocês gostaria de saber sobre a minha terra, tem muita coisa boa para apreciar, como a marginal do Kwanza Sul, o museu da escravatura que está em Luanda na capital, as quedas de Kalandula que está situada na província de Malanje, os palhaços de Cabinda, os mossegues de Luanda, o mussúlo e a marginal do Banco Nacional de Angola, o parque da Kissama “Luanda”, a Serra da Léba, a nossa senhora do monte, o Cristo rei da cidade de Lubando “Húila” as paisagens típicas de Moxico, a missão do Bongo, as belíssimas ruas de São Pedro e da cidade do Huambo “nova Lisboa”, o grande porto do Lobito em Benguela, as terras de Bailundo onde nasceu o rei Ekuikui, Katiavala, Chingui, Ngunji, Chivukuvuku Chongonga, kalandula etc.
O reino do Bailundo é o mais destacado na história do povo angolano, esse reino foi um grande império, e o mais organizado de Angola, lutou contra a colônia portuguesa com catanas (espadas) e enxadas para expulsar os portugueses da ocupação territorial no planalto central.
Naquela época o planalto central era pouco povoado, existindo somente cinco aldeias que são: Halavala que hoje é o Bailundo “Huambo” que está bem no centro, Chiaka e Kaliki a oeste, Andulo ao norte e Vié que hoje é o Bié a leste de Angola, dentre eles o mais destacado é o Bailundo, ou seja, Reino do Bailundo.
Portanto falei quase tudo sobre Angola (N´gola), mas, somente o necessário para um povo admirado e observado pelo nosso povo. Espero um de vocês em minha terra e eu com certeza, mostrarei para vocês o encanto de um país em busca de paz e prosperidade.
Autor
Isartene Esunga ( pseudônimo de Isidro Sanene)