Medo, Desejo. Silêncio, Som. (Uma carta de amor ou de adeus?)
Menina,
Gostaria que este momento não fosse uma outra pausa.
Estava também imaginando em conversar com você sobre o que cada um quer do outro.
Quando vi sua frase de chamada ontem “nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som”, conclui antecipadamente tudo que me fala agora.
Certa vez coloquei nas minhas reflexões que vez ou outra lhe envio.
“Sobreviver
Viver é enfrentar situações.
Sobreviver é antecipar situações.”
Sobrevivi.
Sobrevivo.
Acho que é porque aprendi a ler nas entrelinhas.
Nos mínimos sinais.
Não sei há alguma técnica que não conheço ou apenas por intuição.
Mas sei que muitas vezes me antecipo a acontecimentos.
Agora lhe antecipo.
Continuo lhe querendo.
Mas não quero que você seja metade medo, metade desejo
Não quero que seja metade silêncio, metade som.
Quero que você seja qualquer coisa, menos que seja medo.
Medo temos do desconhecido.
Este é o único medo admissível.
Mesmo assim ele deve ser enfrentado.
Vencido.
Ter medo é natural
Ser vencido pelo medo é covardia.
Não percebo em você sinais de covardia.
Quanto ao silêncio,
na comunicação entre espécies vivas silêncio não é antônimo de som
pois som é apenas uma vibração em onda diferente.
Temos que ir além dela.
Temos que aprender a ler nos olhos.
Nos sorrisos.
Nas lágrimas.
Nos gestos.
Em todos os gestos.
Todos eles são vibrações que não sonoras.
Mas que nos afetam.
Se der para conversar um pouco mais com você,
gostaria.
Se não quer mais me ver,
respeito.
Imagino que você tenha apenas um único medo.
Medo de me querer.
Medo de se apaixonar
ou medo de morrer de tesão.
Sinto que desperto em você os mesmos desejos que você me desperta.
Não tenho medo de dizer que morro de tesão por você.
Mas respeito seu medo de não admitir.
Sequer imaginar.
Finalmente, se, agora, não desejar me ver.
Entenderei.
Se adiante me desejar.
Acolherei
Beijos com gosto de seriguela.