Bolhas de ar no meio do lago
Olhe ao longo do lago, veja as bolhas que se formam de tempos em tempos - sou eu tentando emergir, querendo respirar, mas logo volto para o fundo. E na escuridão repleta de limbo todo escorregadio e frio pego-me com medo, encolhida e sem outros iguais a mim.
Nem sequer sei como vim parar aqui, se com ou sem motivo, sei apenas que estou e quero sair.
Olhar e vejo uma luz sobre mim e ela me anima, há esperança. É o Sol que brilha me chama à vida. É por Ele que volto a respirar e insisto em reviver.
Ele, o meu Deus, me chama à vida, sei que mesmo quando for noite e eu não o puder ver estará comigo silencioso, pronto para me acudir o desespero. Normalmente quando passo pelo naufrágio Ele não me abandona, apenas eu que cega e surda não O vejo, ouço ou sinto. Então Ele, compreendendo minha pequenez tamanha perante Sua grandeza suprema manda-me um gancho, algo pequeno, visível e paupável como eu, algo que poderá até vir de dentro de mim mesma, de você ou de outra pessoa ou uma palavra simples palavra a me fisgar...
E então estarei de volta e já não verão o borbulhar sobre as águas, pois estarei fora das correntes; caminhando livre pelas campinas, cavalgando ou dançando sobre a relva fresca das manhãs, tirando da terra meu sustento diário e descansando no cair da noite.
Extraído de livro ... de Teresa Azevedo que pode ser adquirido no site wwwclubedeautores.com.br
Pintura de Edwad Munch