(Re)Lembranças

Quando eu superar os meus traumas, te mando uma carta, talvez até um antigo poema. Quando eu não depender mais de remédios para dormir, talvez eu te visite as seis da manhã. Quando eu vencer meu medo de altura, talvez te chame para pular de pára-quedas. Quando você superar suas expectativas, talvez me chame para àquele sorvete, talvez eu use meu anel mais bonito e àquela blusa que tenho guardado para uma ocasião especial. Quando eu não for mais claustrofóbica, talvez eu te paça em casamento, te dê um anel de brilhantes, e até me ajoelhe a seus pés. Pode parecer loucura, mas acho esse pedido muito cábivel quando for feito por mim.

Quando eu enfim desembarcar nessa nova vida, vou fazer da descida um melodioso som .

Mas agora, olhe bem, eu tô calada absorvendo traumas sem um pára-quedas... E isso tudo só pra te dizer que o seu tempo já acabou. Eu continuo, se nos encontrarmos em alguma esquina, talvez te dê um abraço, me alimento em teus olhos e com uma palavra qualquer, findamos.

Mas

não, não findamos.

Você aida está aqui, nos singelos sonhos, nos planos para o sábado a noite, você está até nos planos da igreja aos domingos. Exceto, é claro, que esse não é seu o carro, sua turma.

Eu não sei se é cabível dizer aqui que você não merece, nunca mereceu o que eu tinha para te oferecer. Sem culpa. Eu entendo que você preciva de mais. Um dia, sei lá, a gente se esbarra e àquela conversa pendente a gente liberta de uma vez. Ou não. Quando o assunto é sobre nós, tudo é possível, tudo é plausível, para o bem e o mau também.

(Antigos textos que a madrugada me impele a re-publicar, relembrar, afinal a madrugada foi feita para os inquietos de alma!)

Cecilia de Moraes
Enviado por Cecilia de Moraes em 06/11/2011
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