Quando o coração está na escrita...a alma fala

Comecei assim, eu sempre fui uma menina muito insegura, do tipo que não gostava da minha pele, me achava magra demais, odiava meus cabelos (até então na infância eram lisos escorridos e não parava uma só presilha...). Na escola sempre tinha poucas amigas, sempre fui muito seletiva nas amizades... A minha alegria era passar o final de semana na casa de minha madrinha no interior, nossa era muito bom, brincar com os primos vestir uma personagem de uma menina descolada, sem grilos que todo mundo ali na vizinhança adorava.

O fato foi que em um desses passeios eu fui com minha prima Vera passear até uma praça levar os pirralhos (era assim que eu chamava meus priminhos e meus irmãos e olha que a diferença de idade ficava entre dois e cinco anos...eu sempre me achei mais velha que a idade de registro...) enfim sentávamos sempre debaixo de uma arvore muito bonita acho que era um Flamboyant, talvez um Ipê não me recordo muito bem, mais a lembrança de ter encontrado debaixo de uma gangorra no meio de um monte de areia um livro de poesias está bem viva na memória, estava sem a capa sem contra capa peladinho coitado, mas podia se ver o nome do livro e do Autor AMO de JG de ARAUJO JORGE, comecei a folheá-lo e aquilo virou uma paixão devastadora, onde eu ia o tal do livro ia junto éramos inseparáveis, mais na época eu nem arrisca escrever versos não, nem sabia que podia escrever um único versinho com rimas...Risos... Bem o caso e que quando o acaso quer não tem jeito...O tempo passou, eu não era mais uma menina era uma adolescente com as mesmas características de outrora, com a diferença que eu já vivia os arrebatadores amores joviais que tanto fazia as lágrimas correrem pelo rosto... Um dia na sala de aula a professora de Literatura explicava lá os tempos do romantismo, modernismo e sei lá mais o que... Não demorou muito ela começou a falar dos escritores, poetas da época, e de poesias, eu me interessei pelo assunto quando em cada aula era um balsamo pra minha alma, em um dia de aula comum como nos demais a professora Ivanilde (mulher de estatura baixa, mais de um caráter tão enorme e tão fascinante...) pediu a nós que fizéssemos uma poesia valendo nota, eu confesso que foram muitas páginas arrancadas não escrevia coisa com coisa, não adiantava, eu fui até ela e ela me falou assim, você tem que colocar seu coração na escrita, deixe sua alma falar..., ai voltei para a carteira, estava nessa época apaixonada por um colega de classe (...Jeferson um rapaz bonito mas volúvel, ele tinha namorada, e eu a odiava mesmo sem conhece-la a Tatiane, bem olhei para ele e com raiva pelo desprezo que ele demonstrava mesmo depois de ter ficado comigo várias vezes ai surgiu as primeiras palavras...) O livro me acompanha até hoje feito um amuleto que prezo e estimo demais... voltemos ao assunto eu comecei a escrever...

Falsidade

Tudo em você brilhava tanto

Seus olhos, seu sorriso, sua alma

Mas o seu coração preferiu deixar o meu em prantos

Iludido, perdido, sem calma

O seu olhar que me parecia límpido

Estava cheio de sombras e maldade

Deixando pesar sobre mim um martírio

Corroendo a alma de saudade

Saudade do seu sorriso alegre

Dos seus olhos a brilhar

Como se fosse uma brisa leve

Que flutuava sobre o mar

Hoje seus olhos contém sombras

Maldade em sua mente e em seu coração

Partindo a emoção transformando em sobras

A minha que se julgava eterna paixão.

21/06/99 as 22:00 horas.

E foram desencadeando rimas, versos e quando eu vi lá estava meu primeiro poema, poesia...

A partir dai eu transformo em versos tudo o que eu sonho, vivo, respiro, acredito, vejo, imagino...enfim faço desse maravilhoso dom a fala de meu coração e o desabafo de minha alma...

LUKKA

Poetisa Lukka
Enviado por Poetisa Lukka em 02/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3311992
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