Despedida...

Meu Querido:

A doce brisa da noite me trouxe você, mesmo não estando presente parece que o sinto, mesmo a distância privando-me de ouvir sua voz ,parece que a ouço , sombrias notas perdidas na noite como sussurros , a qual solitário violino a arranhar suas magoas em meio a escuridão.

Meu caro , saiba que os ventos que levam são os mesmos que trazem , me trouxeram você .

Ausente presença , presença ausente , eram essas as palavras que percorriam meus lábios , já amargurados por provar do fel da desilusão.

Me sentia presente em meio a uma multidão , mas minha alma ausente , perdida no tempo , em um passado distante, aonde meu olhar ainda tinha o brilho da prata polida e não a opacidade da joia antiga como nota-se hoje.

Mas você serviu-me de inspiração , inspira-me os mais doces e confortantes sentimentos que se coube-cem todos nesta carta fariam corar o mais luxurioso.

Você me mostrou como ser uma rosa, resistir ao tempo e aos próprios espinhos conservando ainda assim o perfume do renascimento.

Não digo que o amo , nem que estou enamorado por ti, em você apenas me reencontro como se enfim acha-se o centro do labirinto , ou apenas a entrada, este complexo conjunto de galerias que apontam a tantas direções, me assustam , me excitam e muito.

Proponho-me a seguir as pistas e você sabe quais são, mesmo sem saber, não negue o medo de se entregar , o medo de morrer , o medo de matar de novo e de novo , quem não o tem?

Que digam os imortais poetas que por medo de se entregar eternizaram seus desejos em seus manuscritos platônicos

Contidos desejos levados para sepultura, paixões pérfidas , amores ensandecidos , criados por mentes malditas.

Quero ir além dessas folhas , escrever minha história com meu próprio sangue, quero poder levar estas linhas em meus lábios e depositá-los nos teus, nem se for por um instante.

Estarei eu louco? cheguei ao cúmulo de meus desatinos, mas é a insanidade que me faz viver.

Espero que em um dia próximo ou distante os deuses permitam nosso reencontro no mesmo labirinto, alma e corpo , corpo e alma.

Corvo de Poe
Enviado por Corvo de Poe em 01/11/2011
Código do texto: T3311277
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