LAMENTO DE UMA ÁRVORE

Senhoras e senhores,

Há muito atrás nasci aqui,

Era apenas um raminho raquítico.

Quase sem vida, sem expressão.

Mas o tempo passou e cresci,

Fiquei forte, trancuda, copa bem formada.

Quem passava pelas redondezas,

Nunca deixava de contemplar minha beleza.

Aproveitava a sombra que lhe oferecia,

E, sentavam junto a mim e adormecia.

Na primavera me cobria de flores,

Para encantar os olhos dos que passavam.

A criançada ao sair da escola,

Vinha em meus galhos balançar.

De cima da minha copa,

Vinha o canto da passarada.

Mas o tempo passou e tudo mudou,

Hoje ninguém presta atenção

Sou uma árvore esquecida.

As crianças me trocaram

Pelo parquinho de diversão,

Os passantes recusam a sombra que ofereço

Preferem a sombra da marquise.

Na primavera ninguém repara mais nas minhas flores,

Até mesmo os passarinhos,

Foram pra bem longe.

Estou sozinha num canto da rua,

E o pior de tudo me condenaram

Me derrubaram, me cortaram.

Fui considerada "persona non grata".

Não há mais sentimentos,

Nem respeito pela Natureza

Já não se amam as árvores

Como antigamente.

Myramar Rocha - Jacobina/BA, 29/10/2011.

(Protesto contra as durrubadas e cortes de árvores que vem acontecendo no meu município, sem uma explicação plausível dos órgão competentes(se é que se pode se chamar de "competentes").

MYRAMAR ROCHA
Enviado por MYRAMAR ROCHA em 30/10/2011
Reeditado em 16/11/2011
Código do texto: T3305974
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