EU TE SONHEI NESTA TARDE.

 

 

Imaruí, SC.

 

 

Glau 55

 

 

Glória! Glória! Aleluia!

 

 

 

 

Mulher, tu és feita de todas as minhas fantasias reunidas.

Mulher, tu vibras nos meus novos pensamentos como uma realeza, chorando nas veredas das saudades sentidas.

Eu senti o contato de tua queimada e real beleza, ressuscitando os meus sonhos e as minhas loucas fantasias.

Nesta tarde eu te forjei com pedaços celestes e carnais.

Foi como um ressurgimento de doces alegorias, numa selva perdida de tantos imbecis ideais.

Eu te sonhei com a minha inconsciência e me perdi com a tua carne divina e perfumada.

E, em meio a essa embriaguez torta do meu ser, ainda que intacta, eu bem sei como fostes amada.

Tu eras uma ficção feita de realeza em carne fofa e cheia de prazer.

Por isso:

Procuro-te nos olhos de todas as mulheres, insistentemente te procuro, mas jamais eu pude te encontrar.

E assim eu vivo nesse desencanto, o encanto de te supor, com toda a certeza, mais bela que uma simples mulher vulgar.

Meus sonhos sentiram que tu sempre serás minha.

Pois tu germinaste da bruma desta obstinada tristeza que me persegue.

E agora, como foste a germinadora dessa rara alegria, os meus sonhos se avivarão com a vinheta da tua ignota beleza.

Quando eu finalmente vier a te conhecer, será para mim e para ti um doce encanto.

Não será mais preciso os longos bate-papos e nem os frenéticos escrever, veremos enfim os nossos sonhos lânguidos acontecer.

E se os nossos sonhos não nos despertarem para uma nova realidade, mesmo assim, teremos de acalentar os sentimentos que outrora foram vividos.

Se assim for, naturalmente criaremos um novo sentimento, que substitua a mística que transitou com suaves propósitos.

Entretanto nada se perdeu, todavia ganhamos em amizade, esse sentimento blandicioso que levaremos até às fronteiras das nossas vidas.

Não fomos projetados e nem contemplados com essa expressão máxima do bem querer.

Mas se mantivermos a amizade num nível carinhoso, quem sabe, o amor poderá surgir dos escaninhos secretos de nossas almas?

Dizem que o amor é como se fosse uma plantinha delicada que, ao regarmos todos os dias, sobreviverá forte e viçosa, dando-nos a sua sombra como uma recompensa pelos cuidados prestados.

Sim, o amor também tem essa característica, mas entre nós ele deveria explodir com ímpetos iniciais, e com a química natural que envolve duas almas.

Duas almas quando se encontram e possuem uma afinidade de polarização, automaticamente se querem, se completam e se amam, é o famoso acoplamento de emoções.

As almas se comunicam através do cérebro, esse por sua vez identifica a sua alma gêmea e, no mesmo instante, dispara uma maior quantidade de adrenalina, provocando uma tremedeira geral, suor nas mãos e batimentos cardíacos acelerados. Eis a química!

Esse sentimento inexplicável brota de uma forma muito natural, ele reside no âmago de todo o ser humano que, ao encontrar o seu dúplice vibra em uníssono com o sentimento do outro.

Amar segundo a gramática é um verbo intransitivo como também é transitivo e, por ter estas duas características, ele é um verbo movente.

E por ser assim, necessita de um espaço para mover-se, que geralmente é encontrado em alguém que oferece esse espaço para o seu trânsito.

Doce trânsito é o mover-se do amor.

O amor é um componente do espírito, e como tal transita aonde ele quer e deseja, principalmente, quando encontra ressonância para o seu querer.

Por isso, eu te sonhei numa tarde em que, a tua carne celeste e rósea, orbitou por alguns instantes os meus imbecis ideais.

E assim, cismei em te procurar nos rostos de todas as mulheres.

Procurei-te, entretanto, não te encontrei entre aqueles rostos vulgares.

Continuas como imagem cismada em minha memória, ela é difusa e fugidia, mas continua avivando os meus sonhos longínquos.

No setentrião tu és naturalmente trânsfuga, onde expões a tua carne santa ao calor dos trópicos, enquanto aqui no sul sofro o açoite dos ventos raivosos, gélidos e tristemente uivantes.

Mulher, a tua realeza permanece em minhas fantasias reunidas, pois vibraste com muita honra em meus nervos vívidos.

Subitamente te quis, carinhosamente me quiseste, agora fico ensimesmado nesse querer que foi mútuo e excessivamente rápido.

Esse amor foi como um pássaro migrando em busca de alimentos novos.

Por isso, ficarei esperando a próxima estação quando, por certo, voltarão aos seus ninhos velhos e primitivos e praticarão amores também novos.

Por isso minha querida Glau, não ouse chorar, por não encontrares a reciprocidade que sonhávamos.

Não devemos impor esse flagelo as nossas almas, elas simplesmente exprimiram as suas querências e a suas necessidades anímicas.

Nada nos impede que sonhemos, talvez através desse exercício inconsciente, tenhamos um entendimento superior, e que, numa outra dimensão, a dimensão dos sonhos, haja uma comunhão mais suave e inteligível de nossos anseios.

Por isso, eu te sonhei numa tarde, mulher feita de realeza, e em ti eu me naufraguei perdido nas brumas dos meus desejos e na tua real e desconhecida beleza.

Através das lembranças memoráveis, nós emitimos doces mensagens de benquerer, dessa forma, eu estou em ti e tu estás em mim.

Isso, por enquanto, nós devemos conservar como se fosse uma pequena energia bondosa e não localizada (mônada de amor) que, nos mantém sintonizados com os mesmos ímpetos de benquerença.

A tua lembrança ficará sempre guardada em minha memória como se fosse um relâmpago novo, emitindo disparos de luzes no túnel do meu inconsciente, aonde tu permaneces intacta e bela.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/12/2006
Código do texto: T330199