ALMAS DESERTORAS.

 

 

 

 

Imaruí – SC.

 

Sábado, 23 de dezembro de 2005.

 

Linda Glau,

 

 

 

 

 

Dizem que entre o céu e a terra existem tantos mistérios, que a nossa vã razão não os compreende.

Em função da misteriosidade deste assunto, estou inclinado a acreditar nesta possibilidade não inteligível ou “quântica”.

Se as almas ou os espíritos existem, eles devem habitar num determinado lugar ou em todos os lugares, guardado é claro a sua constituição íntima e própria.

Em se tratando de energias sutis e sumamente inteligentes, por certo, essas energias se deslocam para onde bem entendem e ao seu bel prazer.

Talvez sejam eventos ou processos quânticos.

Nessa migração de energias espirituais, elas se movimentam segundo as suas necessidades existenciais, talvez em busca de um novo relacionamento ou uma completude que ainda não entendemos.

O que não deixa de ser um fato óbvio, quem sabe até natural do mundo imponderável.

Glauci, eu estou querendo abordar esse assunto um tanto metafísico para, procurar um sentido lógico e explicar o nosso encontro.

Que na verdade é um evento ou um processo, vamos dizer assim, um encontro inexplicável que ainda não aconteceu.

Eu sou um tanto místico com relação a esses eventos inexplicáveis, por isso, eu procuro uma razão que satisfaça a minha curiosidade.

Justo com a relação e ao nosso estreitamento no túnel desse evento, para talvez, uma possível identificação anímica.

Lógico que temos de tomar todos os cuidados, para não cairmos na mesmice em querer explicar tudo sob o ponto de vista místico, sobrenatural ou paranormal.

Pois ainda somos, teimosamente, normais nessa tridimensão.

Mas que existe alguma coisa fora do nosso domínio ou da nossa percepção, não tenhamos dúvidas, essa coisa, por certo, existe.

Disse Jesus Cristo que: “o espírito sopra aonde ele bem quer, e não se sabe de onde ele vem e nem para onde ele vai”.

Por isso eu acredito nesse evento, tomando é claro todos os cuidados, mas que algo de extraordinário nos aconteceu - disso eu tenho certeza.

Foi necessário certo desentendimento ou uma confusão criada, eu não sei por quem, talvez até já estivesse previsto nos desígnios dos nossos próprios espíritos, para promover e solidificar esse encontro.

É assim que eu penso.

Eles mesmos foram os protagonistas dessa idílica e confusa história.

 E pela emanação de suas vontades, fizeram com que nos relacionássemos de uma forma que não conseguimos explicar dentro dos padrões usuais e normais.

Continuo pensando assim.

O que tu achas dessa epopéia misteriosa que fez com que nos encontrássemos?

Mesmo sabendo que nem sabíamos que realmente existíamos, quero dizer, não existíamos um para o outro.

Era como se fossemos completamente anônimos e inexistentes.

Para mim, algo ocorreu fora da nossa limitada percepção.

 É como se fossemos energias não localizadas (quântica) e que se encontram, pois elas estão em toda a latitude astronômica.

E por um evento não-físico ocasionado que não entendemos, acabaram por se atrair.

Este é um juízo muito particular meu, mas pode haver pessoas que entendam de uma outra forma.

Elas podem ter razões suficientes para, explicar de uma outra forma mais natural esse evento sutil ocorrido.

Não quero que o nosso relacionamento seja revestido de mistérios, mas se as nossas almas se procuraram é porque alguma coisa elas têm em comum.

 Quem sabe uma determinada missão ou uma atração específica, ou ainda, quererem reviver uma vida que já foi vivida?

Eu sou naturalmente simpático a essas eventualidades anímicas, mesmo porque, se dependermos tão somente da matéria não se chegará a lugar algum.

A matéria em si não é inteligente, ela é apenas suscetível de necessidades primárias.

E o seu status é o de servir de invólucro para o espírito, para que este se manifeste com toda a sua plenitude e liberdade, intelectualizando-a.

Não sei por que estou escrevendo isto para ti, talvez seja uma necessidade minha em querer me explicar, para talvez, tentar identificar aquilo que eu chamo normalmente de “magia e encantamento”.

Se entendêssemos um pouco mais da vida, talvez fossemos mais felizes.

Não achas?

Espero não estar te incomodando com essas minhas questiúnculas e imaginações de uma mente que tenta se explicar.

Glauci, tudo aquilo que é imaginado, um dia, será realizado.

Um beijo deste teu poeta e filósofo meio louco.

Aliás, dizem os psicólogos que todas as alucinações são alucinações verdadeiras.

São reflexos verdadeiros do nosso inconsciente, que deseja se manifestar ao consciente que normalmente não o entende.

Agora estou querendo me justificar!

 

Outro Beijo!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/12/2006
Código do texto: T329921