A carta que nunca foi enviada

Meu amado,

Neste momento minhas lágrimas caem sobre o papel em que escrevo.

Porém, preciso dizer-te tanto.

Sabe aquele dia em que você me disse " Vamos embora daqui e refazer nossa vida em outro lugar"? Acreditei, tentei, contudo fui fraca.

Fraca diante do nosso amor. Naquele instante eu não enxergava nada a nosso favor. Não encontrava forças para enfrentar o que viria pela frente.

Peço que perdoe essa minha fraqueza, estou de certa maneira salvando-te de coisas piores. Acredite.

Digo-lhe que em outra vida talvez nos encontraremos. Nessa, as impossibilidades não deixariam viver o nosso amor.

Retiro-o de minha vida física, embora permanecerá para todo o sempre em minha alma, e; nada pode mudar isso.

Tudo o que vivemos juntos, embora em breves momentos, ficarão em mim para sempre, tenho certeza que em nós.

Certeza do teu amor, do nosso amor. Não te arriscas mais por mim. Peço-lhe.

O que dissemos ficou em meus ouvidos como se fossem uma oração. Tão forte que não consigo esquecer uma só palavra.

Lembra o primeiro olhar ? E o quanto evitamos? Deus é testemunha que não temos culpa. É um amor tão sem pecado.

Você foi mais forte, eu sei. Desistiu de tudo, tão rápido, ficando à minha espera, mas eu não sou forte, ao contrário, minha fragilidade me domina.

Talvez, sua sensibilidade e a cumplicidade telepática que temos farão você escutar meus soluços, mas não paro de escrever.

Quero deixar essa carta, mesmo manchada pelas minhas lágrimas, como testemunha de que o meu amor por ti é imenso, mas devo dizer-te que não o viveremos nunca mais.

Com muito amor.

Tua sempre amada.

Nota: Essa carta foi escrita por uma jovem de vinte e oito anos, que suicidou-se em 8 de março de 1994.

Gecildamaria
Enviado por Gecildamaria em 23/10/2011
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T3293354
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