CARTA À REVISTA VEJA
Prezados Senhores:
Não adianta me cortejarem. Eu não vou virar assinante de Veja.
Não sou “xiita” o suficiente para recebê-la de graça e não lê-la. Li. Li e me convenci ainda mais, de que não devo assiná-la, porque a revista é a digna representante de uma elite inescrupulosa, gananciosa, arrogante, intolerante, fascista, discriminatória, preconceituosa, etc, etc, etc.
Nasci na roça, pobre e sem futuro. Graças a Isahu e Eufrázia (meus pais), venci a fome que dilacera, a discriminação que humilha, a pobreza que maltrata e a desesperança que destrói.
Sobrevivi, apesar da Ditadura, dos Sarnei’s, dos ACM’s, dos Collor’s, dos FHC’s, da Globo, da Veja e de muitos outros, e vou continuar sobrevivendo, porque na trilha do meu destino só DEUS e eu.
Quanto a vocês, acredito firmemente que colherão o que agora plantam, “está escrito”.
Entretanto, quando a turba de miseráveis se levantar, quando as muralhas não forem mais seguras, quando as grades se partirem e quando não for mais possível divisar esperanças no horizonte, haverão de se perguntarem: “porquê?”.
Pode ser que tudo isso seja apenas um grito no deserto. Pode ser. Mas será sempre, UM GRITO, MEU GRITO. Um grito de dor, por todos aqueles, que já não podem gritar.
Desistam.
Vocês não me merecem.