CARTA AO CEIFEIRO
De Qualquer Lugar, em um lindo dia de sol.
Prezado Ceifeiro,
Não estranhe se em teu belo pomar apareceram frutos que, supões, não foste tu que os cultivastes. Diz uma passagem bíblica: “colho o que não plantei e vou plantando o que não vou colher”.
Coloquei sobre os ombros um pesado fardo de sal. Pelos caminhos da vida vi muitos homens com fardos de algodão, e quis, não raras vezes, trocar o meu pesado fardo. Mas à medida que os dias se passavam no caminho da minha longa jornada, percebi que o meu fardo de sal tornara-se extremamente útil. Serviu não só a mim, mas a muitos companheiros de jornada, colocando sabor quando tudo parecia insosso. Além disso, nos dias escuros e chuvosos e nas penosas travessias, ele ficou mais leve. Hoje já o carrego sem o amargor dos dias de outrora. É certo que aprendi muito nas duras lições da vida, como é certo também que muitas outras ainda tenho que aprender, porque nada sou além de um aprendiz.
Era isso o que tinha pra dizer.
“O que fizer a tua mão direita não saiba a tua mão esquerda”.