ESTRADINA DA ESCOLA
5;40h da manhã
perdi a hora, nesse horário já deveríamos estar na estradinha,indo para a escola.
Aquilo é neve?
Óh! Não, é apenas a serração.
Éramos duas, eu e minha irmãzinha que apesar de mais nova tinha quase o dobro do meu tamanho, eu podia ver seus olhos grandes brilhando ao olhar para cima. Oque ela tanto buscava no céu?
Íamos estradinha afora a correr, costumávamos ir sempre cedo para escola pois no pátio da escolinha nos aguardavam os alunos esperando para iniciarmos as brincadeiras.
Nunca percebi o quão doce era a paisagem da estradinha, o vento batia de leve no capim crescendo a sua beira, os passarinhos saltitavam cantarolando, vez ou outra um tatu, uma lagartixa ou outro animalzinho saia correndo a nossa presença e se escondiam entre as árvores.
Aquela estradinha longa nunca me cansava.
Eu podia ver o sol nascer entre os morros da paisagem local, enamorava as flores que nasciam no muro de terra amarela que marcava a estreita estradinha,os ninhos dos passarinhos
com filhotinhos saltitantes a espera da mamãe.
Eu tinha tanto! Toda aquela beleza á minha mão, eu nunca percebi!
Nunca percebi que tinha um mundo, um mundo mágico era só meu, ali eu era a rainha.
Fazia os mesmo passos todos os dias e no finzinho da estradinha bebia água de uma torneirinha feita de bambu, água fresquinha
e com sabor de terra.
Eu era feliz e não sabia.
Hoje, em meio a selva de pedra as vezes fecho os alunos e me lembro da estradinha.
Minha estradinha de terra amarela.
Como eu queria novamente estar na minha estradinha!
Mas, não posso mais.
Não tenho mais tempo para dormir direito, não tenho mais tempo para acordar as 5;00h da manhã e ir até la, a vida na cidade me rouba a felicidade, me trás barulho, poluição, medo!
Não tenho mais família, não tenho mais irmã, estou só. Eu só queria ter de volta minha escolinha, a estradinha mágica, o sol nascente ao longe atrás dos morros, a serração banhando a relva em dias frios.
Eu só queria ser criança novamente e sentir a liberdade de ser feliz...