Carta aberta ao meu amigo Ciro Fonseca
Há coisas mágicas e misteriosas na vida. Ela é assim mesmo. Não adianta se assustar. Um desses mistérios é a amizade , que nasce, de repente, entre duas pessoas.
Ciro, conheci você praticamente ontem. E hoje o meu sentimento é de que sou seu amigo de infância. Não tem explicação lógica, nem racional. A amizade não depende de você ser isso ou aquilo. Ficamos amigos e pronto!
Pois bem: ontem você escreveu um excelente texto intitulado “Estou de saco cheio”. E na crônica jogou tudo para o alto, procurando ter aquela sensação de liberdade, que, no final das contas, é o que todo ser humano almeja. E bem que você poderia acabar a crônica comendo jaca manteiga.
Agora vem a surpresa. O nosso grande Fernando Pessoa, em agosto de 1930, em poema maravilhoso, teve esse mesmíssimo “surto” seu. Confira aí parte do poema, que transcrevo com imenso prazer.
“Não! Só quero a liberdade!
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Quero respirar o ar sozinho.
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Não quero! Dêem-me a liberdade!
Quero ser igual a mim mesmo.
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Não me matem em vida!
Quero saber atirar com essa bola alta à lua
E ouvi-la cair no quintal do lado!
Quero ir deitar-me na relva, pensando “ amanhã vou busca-la” ...
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Amanhã vou buscá-la ao quintal ao lado...
Parabéns , Ciro, pelo “saco cheio”. Com isso você se materializou no Fernando Pessoa, para a alegria dos amigos.
Meu abraço, de doer as costelas, como você gosta.
Gdantas