Caindo da Caixa D’água.
No ano de 1995 ao subir em uma caixa d’água para executar um serviço acabei caindo e com a queda desmaiei e fiquei por volta de tres horas desacordado, ou pelo menos era o que eu pensava, até que de repente acordei e me deparei com umas paredes brancas, minhha esposa e minha irmã Lourdes em volta de mim, assustado com a situação, (pois até então não sabia o que havia acontecido) perguntei:
- O que aconteceu? Eu bati o carro? Os meninos estão bem?
Nisso minha esposa coloca as mãos na cabeça e num gesto de desespero diz:
- Meu Deus, vai começar tudo de novo! E sai em prantos do quarto.
Então eu pergunto para minha irmã que havia permanecido no quarto:
- O que aconteceu Lourdes? Porquê a Claudia esta assim?
- Sabe o que é mano? É que voce caiu da caixa d’água e desde que voce recobrou os sentidos ainda lá no pronto socorro que voce está fazendo sempre a mesma pergunta de dez em dez segundos e parece que a Claudia não vai suportar te ver assim, ela acha que voce pode ficar com problema de cabeça!
-Lourdes mas o que eu estava fazendo na caixa d’água?
- Não sei mano! Isso eu não posso te explicar!
Moral da história.
Ao recobrar os sentido ainda no pronto socorro eu repetia a mesma pergunta a cada dez segundos:
“o que aconteceu? Eu bati o carro? Os meninos estão bem?
A resposta que me davam era:
“não, voce não bateu o carro e os meninos estão bem! Voce caiu da caixa d’água”
Outra pergunta:
“e o que eu estava fazendo na caixa d’água?”
Outra resposta:
“não sei o que voce estava fazendo na caixa d’água”
Então, como esta pergunta se repetia de dez em dez segundos por varias horas, aquilo acabou aborrecendo algumas pessoas, inclusive um paciente da traumatologia que estava no leito ao lado do meu, ele ficou tão agoniado com as perguntas que se repetiam tão instantaneamente que o mesmo saiu de sua cama saltando somente num dos pés e foi para o corredor, nisso minha mãe direcionou o ventilador dele para mim, até que eu adormeci e, ao acordar veio novamente aquela pergunta que fez minha esposa sair em prantos do quarto.
A partir daquele momento me lembro de tudo, sendo que o acontecido anteriormente não me lembro até hoje.
Macapá-AP, 07/10/11
Bert. Noleto