Carta a um alguém II

Sem querer me dei de frente com as lembranças, você, os presentes, as cartas não entregues. Fiquei preso a suas palavras, meus rascunhos. Bateu saudade de tua ausência. Ainda fica a me perguntar se era mesmo um amor. Dizem que amores não acabam, não é mesmo? E os nossos sonhos, antes tão forte, hoje apenas....sonhos. Não teve como não sentir um aperto no peito, uma vontade de te ver, os nossos dias, noites e madrugadas. Dei-te o sonho que sonhei.

Não foi fácil me despedir de você e repentinamente acostumar-me com a falta que deixastes em meus dias. O tempo continua passando e eu aqui parado, porque de alguma forma ainda creio que estamos próximos. É algo forte, nem sei se me cabe tanto. E ao mesmo que me tira de mim..traz-me a paz. Ilusão, achar que ainda está por aqui. Tenho certeza que não passará pela eventualidade de leres o que escrevo pra ti. Talvez nossos caminhos não se cruzem, enquanto isso minh'alma continua em ti.

Os ipês amarelos costumavam trazer todo aquele nosso amor na aurora da primavera. O clima ameno e o verão chegam com seu calor e gotas de chuva. O seu amor me parecia justo quando chegava o inverno. Não menciono outras palavras, apenas protejo o teu nome. Os meus pés firmes costumavam sentir o chão, findadas raízes entre concreto e tijolos. As flores amarelas ainda me lembram o brilho dos teus olhos. O silêncio intercepta as suas flores e as palavras se constroem no meu cenário imaginário. Os ipês são uma metáfora do que um dia poderíamos ser, se abríssemos nosso amor no inverno.

Algumas vozes ainda sussurram em minha cabeça, palavras tão ácidas que sinto medo destes impulso que tento conter. Faço uma prece, em vão. Sinto-me só, como se duelando com meus velhos fantasmas. Iminente fim que tarda a chegar em gélidas noites insones.

Volto para a minha oração, viro pro lado, fecho os olhos e fico esperando o sono tomar mais conta de mim do que você. Hoje você já não faz mais parte dos meus sonhos, hoje os meu sonhos são só meus.

Disritmia
Enviado por Disritmia em 30/09/2011
Código do texto: T3249898
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.