Senhor Grandão
Sr Grandão, Assim era como costumávamos chamá-lo, isso porque ele era tão alto dizem que tinha dois metros de altura. Quando o senhor grandão chegou aqui na região eu era apenas um garotinho de cinco anos de idade. Não me lembro muito da sua chegada, mas meus irmãos mais velhos dizem que todos ficaram com muito medo do homem, aqui nem era uma cidade ainda quando ele chegou, só havia duas ou três casas de verdade, as outras moradias eram barracas cobertas com capim. Os mais velhos contavam historias de feras selvagens e lobisomens que viviam na floresta, ninguém andava por aquelas bandas. De repente surgi aquele homem magro, cabeludo e extremamente alto, todo mundo correu o fechou as portas, só o meu pai ficou com a porta do barraco aberta, quando o homem chegou meu pai mandou que ele entrasse e todos vieram vê-lo, ele respirou por algum tempo estava muito cansado da viagem, depois pediu um pouco de água.
Ele disse que tinha feto uma longa viagem para chegar aqui e que estava feliz, disse que tinha uma missão muito importante. Todos já estavam ali junto do homem conversando com ele, ate que o seu João resolveu pergunta o nome do homem, ele mudou de assunto e nunca disse o nome pra ninguém ate o dia em que foi embora. Ele era medico e uma semana depois vieram outros homens grandões como ele e construíram uma casa com um consultório para ele trabalhar, assim que terminaram eles foram embora sem que ninguém visse. Dois anos depois de sua chegada ele mudou a vila do nunca, as crianças não morriam mais, os velhinhos viviam mais, ele construía casa, dava alimento e remédio pra quem não tinha. A Sua maior obra foi a construção de uma igreja enorme no meio da vila, ele gostava muito do papai e colocou o nome dele na igreja, Miguel e dedicou a proteção de São Miguel.
Todos os domingos ele ai na igreja e passava todo o dia lá em oração. Passaram-se seis anos, ninguém morava mais em barraca todo mundo tinha uma casinha construída pelo senhor grandão, todos achavam estranho, mas ninguém comentava porque ele era um homem e não queriam chateá-lo. Mais o fato era que ele sempre ajudava as pessoas e nunca o viam com dinheiro, nem nada de valor. Ele sempre andava por ai com um jaleco branco, uma bengala enorme e um relógio velho de bolso. Em 1998 eu completei 14 anos como sempre ganhei uma bela blusa de frio do senhor grandão, nessa época a vila já era uma cidadezinha com mil habitantes. Seu João um homem muito justo foi escolhido como prefeito, naquela ocasião a cidade estava se preparando para festejar a posse do seu João e a chegada do vigário que ia tomar conta da igreja. Naquela semana foi uma alegria tremenda, festa, musica, dança.
Na semana seguinte, o prefeito e o padre reuniram a cidade e todos foram ate a casa do homem grandão que mudou pra sempre aquele lugar, eles pretendiam dar-lhe um presente, ele sempre presenteou as pessoas, mas nunca havia recebido um presentinho sequer. Bateram, bateram e nada, então o prefeito que tinha a chave abriu a casa e todos entraram pra ver o que tinha lá, ninguém nunca tinha entrado ali antes, a casa estava vazia não havia moveis, retratos, cama, enfim não havia nada, a não ser uma carta em cima da janela. O padre Mateus pegou a carta e leu em voz alta para que todos pudessem ouvir o que estava escrito. “Meus filhinhos foi muito bom estar com vocês, mas agora eu tenho que ir para casa, eu ensinei a vocês tudo o que devem fazer, lembrem-se de sempre perdoar e amar uns aos outros, não fiquem desanimados porque eu vou enviar o espírito da verdade que vai guiar vocês no caminho certo, que a minha paz seja com todos vocês. Jesus” A casa se transformou em um hospital e ate hoje todos que passam por lá ficam curados.