Caros companheiros de escrita
Depois de tanto tempo sem escrever, volto hoje e digo que mais madura estou por mais pretenso que isso soe, depois da experiência herdada de mais alguns poucos anos de vida que me passaram. Tenho apenas dezenove anos, mas posso dizer com toda certeza que já passei por tantas emoções, tantas dores, tantas alegrias, e que esses “dissabores” da vida, essa mistura de sentimentos que temos em casa fase nossa, essa busca constante para saber realmente "quem somos" ou "o que estamos sentindo" tornam a vida única e por mais sádico que isso pareça, pois esses sentimentos também incluem dor, a vida não deixa de ser uma constante e bonita peça teatral a qual eu sou feliz de pertencer, na qual eu a intitulo de "A arte de viver".
Das últimas publicações até hoje, mudei bastante, percebo isso lendo os dois textos que aqui publiquei, não vejo a vida com aquele olhar desiludido e triste de antes, não que ele esteja totalmente inexistente em mim, mas hoje a maioria dos dias eu sou feliz. Mas apesar disso tenho algumas feridas que quando estão cicatrizando insistem em se abrir novamente, por isso venho aqui hoje declamar a dor que sinto em meu peito e tentar aliviar as lágrimas que agora saem dos meus olhos. É a dor de não poder amar.
Há 2 anos atrás entra em minha vida um rapaz totalmente diferente de todos, religioso, intelectual, amante de poesias e do romantismo, nos aproximamos, fomos amigos e quando menos esperava me encontrei perdidamente apaixonada por ele, fomos namorados e vivemos intensamente cada segundo do nosso namoro, do nosso banho de chuva até as brigas mais dolorosas pois delas sempre extraíamos o melhor. Cartas sinceras e maravilhosas foram trocadas, recebi poemas com as mais ricas rimas, contemplamos a Lua ao som das mais belas juras, fizemos uma seleção de músicas maravilhosa que retratou perfeitamente cada momento do nosso namoro, Edith Piaf, Chico Buarque, Caetano Veloso, Beatles e muitos outros foram testemunhas do nosso amor. Passamos pelas mais diversas sensações, a busca espiritual juntos, a mudança em nossas vidas, pois ingressamos juntos na faculdade, e foi com ajuda dele que hoje faço o curso que tanto me realiza. Todos ao nosso redor, assim como nós dois, tinham apenas uma certeza: a de que íamos casar. E essa certeza era o que movia a vida e nos deixava contente.
Mas de repente, não mais que de repente, a chama que existia em mim se apagou, os dias, a rotina e as pequenas brigas apagaram o meu amor, e essa chama foi se apagando aos poucos, aos poucos e quando eu percebi o intenso amor que outrora sentia se esvaiu do meu peito, a indiferença, a intolerância, o egoísmo, arrancaram o amor de mim e se fizeram presente em meu coração, sem que meu companheiro, aquele que fora meu amigo, meu amor, minha luz nada tivesse feito, apenas me amado. Depois de alguns meses tentando "aprender" a voltar a amá-lo, descobri que estava magoando mais ainda por estar enganando a ele e a mim mesma, descobri que eu não estava feliz, e que eu tinha que pensar na minha felicidade também. Mas a dor cruel de como dizer isso a ele fez parte da minha vida, como dizer aquele que eu sei com toda certeza que me amou do mais profundo ser, que a sua paixão por mim já não era mais correspondida?
Depois de 2 meses de término, eu pensei que ele tivesse superado, eu continuei a minha vida mais leve, menos culpada. Mas descobri que ele sofreu cada dia, cada minuto com a minha ausência, respeitou a minha decisão e não me procurou, sofreu sozinho, escondido, sonhou comigo, imaginou minha presença, eu que ouvi isso ser dito frente a frente banhada em lágrimas, jurei como eu queria voltar a amá-lo, para acabar com a dor dele e por saber que amor igual ao dele eu nunca terei, e juntos choramos, pois sabíamos que isso era impossível.
Porém hoje a dor que me consome e o pesar, é por saber e constatar como eu sou inconstante, como não tenho controle nenhum sobre meus sentimentos, sobre o amor. Porque algo tão magnífico como o amor nos foge a mão? Porque esse sentimento tão sublime e tão difícil de ser alcançado não é eterno?
Peço que Deus coloque alguém maravilhosamente amável na vida dele, e a dor e ferida que nele causei possam servir para amadurecê-lo.
Caros leitores constato aqui que se há dor maior do que ver alguém que te ama chorar implorando seu amor e tudo que você pode dar é sua indiferente amizade, eu ainda não passei por ela. A dor de saber que o outro está sofrendo por você e você nada pode fazer é indescritível.
Agora vivo apenas com o amor pela vida, pela minha família, por Deus, ainda com pesar pelo o que fiz, pelo que deixei de sentir, com a doce esperança que um dia esse fugaz sentimento a mim retorne para que eu corra de volta aos braços do meu antigo amado. Agora resta uma única e óbvia certeza: Nós não escolhemos a quem amamos e não temos poder nenhum sobre o amor. O amor vivo que em mim morou, em minha carne viva e latente, hoje mora em um túmulo frio e escuro.
Deixo aqui um soneto que hoje em dia faz parte de minha vida e que retrata bem, o que através dessa vazia descrição tentei expressar.
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vale a pena também ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=02_T4Z0GDDQ&feature=related