Eu tenho a liberdade de pensar e de achar o que quiser, ninguém pode fazer nada, absolutamente nada, quanto a isso.

Acontece que hoje foi um dia de tédio, daqueles em que faço nada mais do que dormir, comer e dormir novamente. Tive tempo suficiente pra me observar, pra analisar o meu comportamento e me espantar.

É isso aí... Pra me espantar!

Pra me assustar com a antiga coleção de coisas negativas; de pequenos e grandes problemas criados com a única utilidade de complicar minha vida e me autodestruir.

Andei ouvindo canções e elas me diziam que ‘daqui pra frente tudo seria diferente’. Acho que cheguei a acreditar, mas o meu erro foi não pensar positivamente, foi em desacreditar da centelha de luz que incandesce o melhor de cada pessoa, inclusive daquelas que passaram estragando tudo, amarrotando tudo, provocando toda espécie de tragédia; envenenando a minha confiança na vida.

Tive que pensar na responsabilidade de está vivo. No magnetismo de minhas atitudes e do medo dos seus resultados correspondentes. É tão ruim perder a ingenuidade...

Às vezes, sinto uma saudade dissimulada da ignorância. Às vezes, sinto o peso revelador da lucidez.

Eu dei fôlego a tantas expectativas. Acumulei aos meus projetos os objetivos dos outros. Declarei falência e me apeguei à dor. Confesso ser difícil entender que passou, que acabou.

Vacilei em não saber como agir. Eu não dispunha da maturidade exigida pra fazer diferente. Amarrei-me a culpa. Cantarolei, desafinado, o soneto triste da frustração.

Os abraços acolhedores insistem em pedir pra eu aceitar com naturalidade. Paciência se não foi como eu queria! Não preciso fazer disso um estardalhaço.

Deve haver, em algum canto, um ‘jogo do contente’ com um manual de instruções pra inexperientes. Como eu?!

Sim... Inexperiente como eu!

O tempo passou e me deixou uma tal de segurança. Dizem ser entendida de muitas coisas e sabedora e outras tantas. Perdi. Pra ganhar o que, só hoje, eu entendo ser inestimável.

Confesso que ainda sinto uma vontade selvagem de atravessar a fronteira do que ficou para trás. Que me flagro projetando, na tela da lembrança, o filme que teima não sair de cartaz. Mas, sei bem que o passado é a terra dos acontecimentos que nunca voltarão. É um chão infértil. Aí, penso no futuro e em sua produtividade. Penso nos planos para minha vida nova e no refrigério que é ter paz interior. Eu sou a arte final das várias pinceladas do soberano tempo.

Tenho aprendido tantas coisas. Tenho emoldurado os verdadeiros sentimentos. Tenho conquistado dignidade apesar das vicissitudes da vida. Tenho compreendido que pessoa nenhuma poderá cruzar com a felicidade se contrariar sua própria natureza, principalmente se esse sacrifício for encorajado pela obrigação de satisfazer os caprichos alheios.

Foi preciso vencer as tristes lembranças para saber que basta SER O QUE SOU.




Imagem - Fonte: jaqeelinefernanda.blogspot.com


Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 18/09/2011
Reeditado em 30/04/2012
Código do texto: T3226558
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