Carta ao joalheiro
Nobre joalheiro
Quanto que se passou e parece ter sido ontem
Sei que não ouve despedida
Quando dei por mim já estava onde não sei
Andei sem olhar para traz
Defendi-me do sofrimento me aliando ao esquecimento
Nada trouxe da lá
Nem uma novidade que vale apena contar
Parei de compartilhar
Cumplicidade nem me lembro mais
Faltou afeto
Faltou carinho
Faltou vontade
Faltou você
Não que eu não já sabia que isso viria acontecer
Eu só queria ser único por um dia
Eu só queria caminhar um pouco só
Eu só queria saber o meu valor
Quanto egoísta fui
Mais descobri que só você velho e nobre joalheiro;
Pode avaliar essa velha bijuteria
Sem que a transforme no mais terrível nefasto objeto
Sem decepções
Só contemplação pôde perceber
E me senti a mais bela de todas as jóias quando fui contemplado;
Com lágrimas de diamantes que saiam de seus olhos, e o mais belo som
Que saiu alto e claro de sua boca;
Seja bem vindo meu grande e velho amigo.