Resposta à mensagem do presidente do sindicato APEOC, Anísio Melo
Fortaleza, 12 de setembro de 2011.
Caro presidente Anísio,
Seu discurso certamente é muito tocante, acalorado, como tem de ser a fala de um líder, seja qual for a natureza dessa liderança. Mas, se refletirmos um pouco na sua própria fala, o que vemos é o que nós, professores que decidem por permanecer em greve, deslindamos de todo esse processo de "negociação" que se iniciou a partir deste movimento grevista: não temos nada, simplesmente nada de concreto. Tudo o que temos são possibilidades sem quaisquer obrigações por parte do governo. Agora eu o pergunto: com que cara eu olharei para meus alunos, ao entrar em sala de aula de mãos abanando?
- E aí, professor, conseguiu o piso?
- Não.
- E por que voltou?
Sinceramente, não terei coragem de responder ao meu aluno que voltei por covardia; que voltei porque tive medo de repressão por parte do governo, uma vez que estou em estágio probatório; que voltei porque tenho medo de que o governo desconte minhas faltas - aquelas que eu terei o direito e dever de repor e o direito e dever de tê-las ressarcidas; que voltei porque o meu sindicato, por ter entrado em paranoia com uma teoria da conspiração, convenceu meus colegas menos corajosos a voltar. Voltarei sim, respeitando a decisão da nossa Assembleia, quando ela o fizer, de cabeça erguida, porque, indiferentemente do desfecho desse movimento grevista, eu, professor Hylo Leal, fiz a minha parte como cidadão consciente, como professor consciente, porque tenho plena convicção de que a luta é justa, apesar de, aos olhos da nossa "justiça", ilegal.