O menino que mora em mim
Às vezes me faço uma série de perguntas, como se não me conhecesse, mas sei que o que acontece de fato, é que apenas mudo. Entro em metamorfose e ressurjo feliz, mas quase irreconhecível.
Esse fenômeno acontece sempre, a quase toda hora... Me vejo triste, feliz, emocionado, sério, malvado, benevolente... e isso traz comigo uma saudade... Mesmo do que fui há um minuto, mas também traz o medo do que um dia poderei ser.
Penso em quando eu ficar velhinho, em como vou ser... Sinceramente, carrego comigo, em meus pensamentos essa comum e distinta curiosidade que à medida que o tempo passa, faz-se maior, gigante, atormentadora, e por enquanto nenhum pouco acalentadora.
Penso também em quando eu chegar aos 30 anos... Sonho em ser uma pessoa bem-sucedida (não exatamente no sentido financeiro) e feliz. Sei que a dita cuja felicidade é uma bela colcha de retalhos que você e – creio que todos – querem preservar para se confortarem mais tarde, nos momentos adversos.
Depois vêm a juventude e toda a diversão e o mundo que ela pode dar a quem a tem e a quem consegue preservá-la, na alma e na aparência. Essa época da vida não me traz nada do que quero ser, do que sou ou do que fui no início dela.
Aliás, juventude só me leva ao futuro que quero construir ou me rapta para o passado... E que passado! Sinto que a palavra “passado” me leva diretamente às lindas lembranças de quando eu era pequeno... no tamanho e na idade. Só era grande nos sonhos, o que se mantém até hoje...
Quanto mais me dou conta de que o tempo realmente já passou, mais lembranças daquele menino mimado, sorridente, chorão, que apanhava na escola – mas que sempre conseguia contornar a situação, daquele que tinha poucas e verdadeiras amizades e daquele que nem se importava muito com o mundo à sua volta, mesmo nas situações mais terríveis, via o lado bom, do menino que mora em mim... Eu tenho saudades!