Longa Vida à Cultura Brasileira
Mogi das Cruzes, 24 de agosto de 2011.
Cara sociedade,
Apesar de poucas pessoas saberem e, dos que sabem, pouco se importarem, dia 22 de agosto foi o dia do folclore. Um dia que deveria sim ser festejado e relembrado, como gratificação à nossa pátria, por todas as maravilhas que nos oferece. Infelizmente, não é bem isso o que acontece.
Lembram-se de quando as crianças temiam desobedecer seus pais e, por isso, a Cuca devorá-las? Ou quando não saiam para a rua à noite sem os pais com medo do Homem do Saco? Ou quando sentiam terror de urinar na cama e serem atacados pelo Mão-de-Cabelo? Talvez alguns se lembrem. Talvez a maioria, principalmente de minha própria geração, não se lembre, por ter vivido muito pouco nessa época. E talvez as últimas gerações nunca tenham se ouvido falar dessas personagens.
Hoje, damos mais valor aos filmes de terror de Holiwood do que ao nosso bom e velho Bicho-papão. Preferimos assistir um programa de cunho pejorativo ao invés de reunir os primos e nos assentar em volta da vovó, para escutar as histórias das malandragens de Pedro Malasartes. A propósito, em uma atividade em sala de aula onde discutíamos sobre lendas e personagens folclóricas, muitos não conheciam Pedro Malasartes e jamais haviam ouvido falar deles. Mas, com certeza, sabiam os últimos lançamentos de filmes estrangeiros.
Ora, uma coisa que o brasileiro faz muito bem é achar que a grama do vizinho é sempre mais verde. As pessoas não param para pensar quanta riqueza cultural eles tem aqui mesmo. E as estórias tradicionais, que costumavam passar de geração em geração, hoje morrem abafadas na ingratidão das pessoas que abandonam suas próprias origens.
O pior de tudo é que as pessoas estão perdendo a capacidade de acreditar. Inicialmente deixaram de acreditar no Saci-Pererê e na Iara, depois deixaram de acreditar na força do destino, e hoje, não acreditam nem nelas mesmas! Simplesmente seguem em frente, como um bando de alienados, pessoas que existem, mas não vivem, porque não sabe, na verdade, o significado disso. Tendo tudo diante de nossos olhos, não enxergamos nada, como se estivéssemos numa penumbra total.
Enquanto ficamos aí, em nossos devaneios e falta de fé, o governo e todos os “poderosos” se aproveitam do nosso “tanto faz” para dele tirar seus lucros. E a humanidade vai de mal a pior.
Deixamos tanto de acreditar que não mais corremos atrás dos nossos próprios direitos, deixamos tudo de lado e “o que der, deu, o que não der, não deu”. Não vamos às ruas como as gerações passadas, com faixas e bandeiras e até armas, em busca de justiça, mas permanecemos diante de nossos computadores e televisões somente assistindo as injustiças das quais somos indiretamente culpados.
Portanto, o objetivo desse texto é conscientizar as pessoas da importância do acreditar e de valorizar a própria cultura. Não deixem que governadores, filmes, programas de TV, jornais, trabalhos, tomem tanto o seu tempo que não tenham um momento sequer para acreditar e para plantar a fé nos jovens coraçõezinhos que veem chegando. Não deixem que as escolas parem de contar a história da nossa cultura, apoiem os professores que contam lendas e estórias fantásticas às crianças, deem valor a eles. Porque só quem acredita em mundo melhor pode realmente fazê-lo.
Um grande abraço!
Gabriele Correia de Melo Oliveira.